quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

MUDANÇA DE ENDEREÇO !!!

Caros,

Obrigado por apoiarem o GRANDE TELA até agora.

Mando este para informar que o blog está mudando de endereço, pois agora vou escrever para o JORNAL O TEMPO, de Minas Gerais.

Fui convidado a hospedar meu blog lá, onde fará parte de um número selecionado de blogs. Terei a mesma liberdade que antes, embora, agora, o Grande Tela faça parte de um portal respeitado.

Aos que quiserem continuar acompanhando meu trabalho, agora é só acessar este endereço:

w w w . o tempo . com . br / blogs (o certo é sem os espaços... está assim com espaços porque não posso digitar endereços aqui).

Vejo vocês por lá

Abraços

Luciano Marques

domingo, 30 de novembro de 2008

007 – Quantum of Solace

Em Quantum of Solace, segunda investida de Daniel Craig como 007 e o 22º filme da franquia, o diretor Marc Forster (O Caçador de Pipas) dá continuidade ao processo de repaginação do agente britânico com autorização para matar. O personagem está cada vez mais rebelde, mais que em Cassino Royale, mas se perde em meio a uma trama vazia – a mais fraca dentre as 22 produções.

Tenho de dizer, logo de bate-pronto, que é preciso assistir a Cassino Royale para acompanhar Quantum. Neste lançamento, Bond busca vingança pela morte de Vesper Lynd, sua namorada traidora na produção anterior. Ao mesmo tempo, o agente é surpreendido por uma organização que, de tão poderosa, jamais foi detectada pela CIA ou pelo MI6.

Novamente temos muitas cenas de ação, mas, infelizmente, longos períodos monótonos. O diretor, o primeiro não-britânico a dirigir um filme do personagem de Ian Fleming, foi mal escalado e tem culpa no cartório. Também, basta ver sua filmografia para notarmos que ação não é o seu forte.

Quantum of Solace é continuação do Cassino e antecede um outro filme. Então, não temos muitas respostas. Talvez por isso ele pareça tão vazio. Teremos de esperar o próximo. E como vai demorar para sair, teremos de assistir novamente aos dois primeiros estrelados por Daniel Craig para não perder o fio da meada (tinha gente no cinema que estava voando, por não se lembrar da trama do Royale).

Foram gastos 225 milhões na produção deste filme. Uma baba que não rendeu. Se se sair bem, será pelos fãs da série, aqueles que gostam de ver os lançamentos de carros, por exemplo. Neste temos um Aston Martin, um Volvo, o Range Rover, o novo Ka e o novo Omega. Mas estes mesmos fãs vão sentir falta de itens fundamentais. Das 22 produções, essa é a única em que Bond não faz um “chananam” com a Bond Girl da vez.

Para quem ainda não entendeu o título em inglês, “Quantum of Solace” significa “grau de conforto”. Pode ser também um grau de “amizade”, uma zona de conforto entre duas pessoas para que o amor sobreviva. Se o “Quantum of Solace” de um casal deixa de existir, é porque o amor morreu. Se encaixa com a trama do vilão e com o relacionamento que Bond tinha com Vésper.

Vale a pena?
Assistiu Cassino Royale e gostou? Vai continuar assistindo à série? Então vai ter de ver Quantum of Solace, mesmo que neste escapem apenas as boas cenas de perseguição.

Nota
6,5 – Não tem como dar mais que isso. Craig faz bem o papel e a nova cara de Bond – menos mocinho galã e mais rancoroso e assassino – salva o filme do fracasso total.


Luciano Marques

Hitman e Max Payne

Aqui falo – de forma bem breve – de dois filmes de uma só vez: Hitman e Max Payne. O faço porque ambos pertencem à mesma fadada categoria, a de adaptações de games para a grande tela. São raros, quero dizer, raríssimos os casos em que isso deu certo. O único que me vem à mente agora é Tomb Raider.

Hitman consegue até ser um filminho bonzinho, assim mesmo, com diminutivos. Mas você deve assistir apenas se estiver preso em uma cela com a coleção de produções do Chuck Norris.

Já Max Payne, mesmo com sua estupenda jogada de marketing e propaganda rolando em todo canto, é de dar sono. Longos momentos sem ação, diálogos que não levam à nada e atuações bizarras.

Os jogos? São ótimos, obrigado. As adaptações, no entanto, navegam pelo mesmo mar de porcarias que chegam ao cinema todos os meses. Já estão produzindo God of War, um dos maiores games de todos os tempos. Imploro aos deuses para que não venha mais um troço.

Vale a pena?
Nunquinha. Desperdício de tempo e dinheiro.

Notas
1,5 – Hitman – Para piorar um filme já ruim, escolheram para o papel de assassino um cara com carinha de bonzinho.Não sei o nome e nem fiz questão de pesquisar.

1 – Max Payne – Tem uns efeitos maneirinhos na segunda metade do filme. Mas aí você tem de assistir à primeira, então...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cinema por controle remoto!

Já pensou poder escolher, durante a exibição de um filme, que caminho os protagonistas devem seguir, interferindo no destino deles? Pois isto vai se tornar realidade agora, a partir de quinta-feira, com a exibição de A Gruta, primeiro filme-jogo com interação ao vivo no cinema do Brasil. Munido de controle remoto, o público poderá intervir na condução da história do diretor brasiliense Filipe Gontijo. A produção será exibida no Teatro da CAIXA nos dias 27 e 28 de novembro, em duas sessões diárias, às 19h e às 21h.

A entrada é franca. Para que todos da platéia possam votar, será permitida a entrada somente de 200 pessoas, sendo necessário retirar o convite na bilheteria.

Várias inovações já foram testadas na sétima arte e muitas vezes acabaram em fracasso. Lembro-me de um nos EUA que tinha cheiro. Acreditem! O pior é que, nesses casos, o "avanço" acontece em detrimento do filme, da qualidade dele. Focam a novidade e esquecem da história, da fotografia, etc. A produção de Filipe Gontijo tenta fundir a 7ª arte com a 10ª arte. Vamos ver no que dá.

Não li a sinopse. Por uma boa causa, claro. Quero ver o filme como se fosse qualquer outro. Também vou tentar me divertir com a história do controle remoto. No fim, espero que ele me surpreenda e não entre na categoria acima citada.

Para quem gosta de cinema e novidade, aconselho uma passada no Teatro da Caixa. Estarei lá na quinta.

A Gruta

Dias: 27 e 28 de novembro de 2008
Horário: 19h e 21h
Local: Teatro da CAIXA Cultural – SBS Qd 4 lote 3/4, anexo do edifício Matriz da Caixa
Lotação máxima do teatro: 200 lugares
Classificação etária: 16 anos

Luciano Marques

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

As Duas Faces da Lei

Eu sentei por muito tempo à espera de um filme que reunisse Al Pacino e Robert De Niro. Aliás, o mundo inteiro torcia por um longa com os dois monstros sagrados. O resultado, As Duas Faces da Lei, não decepciona, mas não deixa de ser um bom policial.

O filme dirigido por Jon Avnet (Tomates Verdes Fritos) trata de dois detetives de Nova York que investigam um caso de assassinato que pode desestruturar todo o departamento. Ao mesmo tempo, têm pesadelos com outro, de anos atrás, que eles pensavam já ter resolvido.

O clima de mistério é levado com habilidade através do enredo e a dupla de estrelas consegue se sair bem. Mas o que faz As Duas Faces da Lei ser obrigatório é a conclusão. Em um tempo onde os roteiros são previsíveis, Russell Gewirtz (O Plano Perfeito) tem o mérito de nos surpreender.

Nota
7,2 - Além de Al Pacino e De Niro, ainda temos o prazer de assistir outros grandes atores, como John Leguizamo. Normalmente quando astros se unem em um filme, sai algo muito ruim. Não é o caso.

Vale a pena?
Não tem como perder esse encontro histórico. Não é um filme para ficar na história, mas acaba se tornando obrigatório para os amantes do cinema.

Luciano Marques

Corrida Mortal

Quem vai ao cinema há pelo menos duas décadas sabe que existem aqueles “atores-mais-do-mesmo”. Profissionais que dão certo em um filme de ação, se agarram ao nicho e acabam ficando marcados com isso. Tivemos o tempo dos filmes de Chuck Norris, de Van Damme, Dolph Lundgren, Stallone, Vin Diesel. O da vez é Jason Statham, que lançou recentemente Corrida Mortal.

O ator inglês é quase um desses “mais-do-mesmo”. Ele surgiu no brilhante Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (1998), mas depois encabeçou a série de correria e tiros Carga Explosiva (o terceiro filme foi lançado esse ano). E correu e explodiu mais um pouco em Adrenalina (2006). Está certo que, no meio do caminho, teve o bom remake Uma Saída de Mestre (2003), mas o britânico parece mesmo fadado aos filmes de ação batidos.

Corrida Mortal é ousado, tenho de concordar, pois reúne a velha história de uma penitenciária onde quem manda é um diretor carrasco à trama de pegas de carro, tão evidenciado depois de Velozes e Furiosos (2001). Há certa animação com os rachas, incrementados por armas à la Speed Race, mas o desenrolar do filme dirigido por Paul W. S. Anderson (Alien Vs Predador) não leva à nada. Aliás, leva sim. No conduz a um fim bem típico de filmes feitos para a TV.

Vin Diesel procurou escapar da arapuca em que se meteu, encarando filmes com roteiros diferenciados. Basta saber se Jason Statham fará o mesmo daqui para frente.

Nota
6,9 - Usar dois grandes clichês em uma única história gera um problema: não há tempo hábil para desfrutarmos de nenhum deles. Quando o lance da penitenciária empolga, vem o racha. Quando o pega está esquentando, voltamos à diretora carrasca.

Vale a pena?
Para quem procura uma ação descerebrada, vale a diversão. Boas cenas de corrida e algum sangue explícito. Não ligue para a conclusão. Todo filme do estilo tem de terminar de alguma forma.

Luciano Marques

The Cycle

The Cycle, ainda sem nome em português, não chegou nas grandes telas daqui. O filme escrito e dirigido por Michel Bafaro, um thriller à la Massacre da Serra Elétrica, deve ir direto para as locadoras. Também, não há muita inovação neste longa que segue o estilo de Leatherface.

A história gira em torno de Carrie Mitchell (Daryl Hannah). Ao passar por uma estrada do interior, ela ajuda Amy, a única sobrevivente de um terrível massacre que aconteceu na floresta próxima. Amy conta para Carrie o pesadelo pelo qual passou, mas não entra em detalhes sobre o grande mistério que há naquela floresta.

Se há algo de novo em The Cycle é o fato de uma das protagonistas contar a história que já aconteceu. O fim também guarda uma certa surpresa. Mas é só. Aos que curtem filmes onde turistas ou desavisados encontram famílias bizarras e passam por um massacre, essa é uma boa dica.

Nota
6, 7 - É um terrorzinho honesto, sem grandes sustos e que peca por beber em uma fonta já esgotada, como Viagem Maldita (2006).

Vale a pena?
Os bons filmes de terror e suspense estão tão escassos que The Cycle pode ser um quebra-galho em tempos de vacas magras. Se alguém quiser conferir o trailer, vá ao site www.cyclethemovie.com/paper.php

Luciano Marques

domingo, 5 de outubro de 2008

Ensaio sobre a cegueira

Em respeito aos que leram a fantástica obra de Saramago, Ensaio sobre a Cegueira, focarei aqui os detalhes da adaptação da sexta arte para a sétima arte. No entanto, também em respeito aos que não leram, falarei também do filme em separado.

O diretor Fernando Meirelles pertence ao mundo, não mais somente ao Brasil. Fico feliz em saber que no futuro, daqui a décadas, o planeta lembrará dele. Desde 2001, com Domésticas, o cara começou a surpreender. Depois vieram as obras primas Cidade de Deus (2002) e o Jardineiro Fiel (2005). Lá na frente, também vou poder me orgulhar, pois fiz curso de roteiro com um dos maiores cineastas que o país já teve. E aprendi muito com ele (e o Bráulio Mantovani, que também ministrou).

Dito isso, não podia esperar que o filme, atualmente nos cinemas, fosse ruim. Pelo contrário. Meirelles conseguiu de novo. Ensaio sobre a cegueira é um belo longa, emociona em vários sentidos – consegue nos passar o desespero de um mundo de cegos e o quanto pode pesar um fardo quando este está sobre as costas de um – e nos leva a uma reflexão do quanto a natureza humana pode se alterar em situações extremas.

Confesso que quando li o livro (só encare quem estiver mesmo disposto a enfrentar o estilo extremamente peculiar de Saramago), temi por Meirelles. Não imaginei como aquilo poderia ser colocado na tela. Ao conseguir isso, ele ganhou ainda mais crédito. O próprio escritor, vencedor do prêmio Nobel de Literatura, adorou e disse: “Agora conheço a cara dos meus personagens”. O filme é completo. Mesmo sem a narração (que ele decidiu retirar antes do lançamento mundial). Fernando consegue até mesmo captar, filmar a cegueira – algo que me preocupava.

Vale sempre lembrar que adaptar um livro para a grande tela não é fácil. Aliás, é dificílimo. Normalmente são precisas umas três, quatro horas para conseguir um bom resultado, e os produtores nunca deixam filmar mais que duas horas e meia. O livro é sempre melhor. O do Saramago o é. Mas temos de lembrar que muitas coisas só funcionam descritas num papel. Ensaio sobre a cegueira, de Meirelles, vai entrar para a minha lista das melhores adaptações da sexta para a sétima arte (para quem não entendeu, leiam minha próxima crítica, falando das artes).

Julianne Moore faz ótimo papel como a mulher do médico, interpretado honestamente por Mark Ruffalo. Danny Glover e Gael García Bernal também se destacam. A brasileira Alice Braga (Cidade de Deus e Eu Sou a Lenda) também tem participação importante, como a prostituta (não estranhe os personagens não terem nome).

Alguns críticos consideraram o filme um pouco violento em determinados momentos. Discordo completamente. Se há algum defeito no longa de Meirelles, é o de ter abrandado a violência retratada por Saramago, visceral, necessária. O escritor português não poupou nadinha, o que acho ótimo. Infelizmente, no cinema, é sempre preciso tapar o sol com a peneira.

Vale a pena?
Claro! Vi algumas pessoas enfadadas no cinema. Que se lasquem. Estas não sabem apreciar um filme que deixa o espectador inquieto, pensativo, e de um jeito, ainda assim, poético.

Nota
8,7
Ensaio sobre a cegueira é um bom filme. No entanto, a história cai melhor em livro. Isso dá ainda mais crédito a Meirelles, eu sei. Se você estiver em um cinema sem idiotas fazendo barulho (o que é raro, pois as antas infestam as salas), aí, quem sabe, você pode absorver toda a atmosfera dessa inquietante trama, sentir-se dentro da tela, como se fosse um cego.
Luciano Marques

sábado, 27 de setembro de 2008

Perigo em Bangkok



Nicolas Cage tem seus erros e acertos. E normalmente ele triunfa de forma estupenda ou fracassa de maneira retumbante. No triller policial Perigo em Bangkok, no entanto, ele consegue ficar no meio da balança. O filme dirigido pelos irmãos Pang (Oxide e Danny), talentos por trás do apavorante The Eye, tem bons elementos para uma boa história, mas faltou a “corda” para “amarrar” a trama. Leia-se experiência.

Cage faz um mercenário/matador de aluguel (cujo o tema já está esgotado) que precisa concretizar quatro trabalhos em Bangkok. Lá ele acaba fugindo um pouco de suas regras básicas (todo assassino tem um guia prático, parecido com os dez mandamentos) e se vê perdido entre a amizade e o amor – fatos novos. O único problema é que cada um desses elementos é tratado quase que em separado, quando, juntos, dariam em uma trama bem engendrada.

O resultado é um filmizinho (o bom de um blog é que aqui eu posso usar esses termos) bem marrom, que só serve para ser assistido em casa. Vá lá, tem um finalzinho legal, mas o longa não se sustenta em muitos momentos. Os irmãos Pang têm talento, mas precisam de muito chão ainda para explodir.

Vale a pena?
Tem pipoca e guaraná em casa? Um sofá confortável? É... tá bom, vale.

Nota
6 – Passaria raspando em uma escola pública brasileira.







Luciano Marques

Morre Paul Newman

O mundo se despediu ontem de um dos monstros sagrados da sétima arte. Newman, ator e piloto, morreu de câncer aos 83 anos

O ator norte-americano Paul Newman, de 83 anos, faleceu na noite sexta-feira após lutar contra um câncer de pulmão. Há pouco mais de um ano se aposentou por causa da doença e nos últimos dias pediu alta do hospital para morrer junto à família.

Uma das poucas estrelas imortais do cinema – portanto é melhor dizer que ele não faleceu e sim que nos deixou –, Newman atuou em 65 filmes. Ao todo, recebeu nove indicações ao Oscar, mas, infelizmente, só levou para casa a estatueta de Melhor Ator em 1986, após brilhar no filme A Cor do Dinheiro.

Mesmo daltônico, Newman também se destacou como piloto amador. Venceu as 24 Horas de Le Mans e deixou muita gente comendo poeira em Daytona.

Paul Newman nasceu em 1925 e estreou na grande tela em 1954, com O cálice sagrado. O filme, entretanto, por pouco não foi seu último, pois ele disse aos jornais que deveria pedir desculpas aos espectadores por sua atuação.

O sucesso veio à tona na década de 60, com belas produções: Desafios à corrupção, Criminosos não merecem prêmio, O indomado, Rebeldia indomável e Hombre.
Em 1969 fez, para mim, seu papel mais marcante: Butch Cassidy and Sundance Kid – Dois homens e um destino, dividindo a tela com Robert Redford. O longa levou apenas a estatueta de Melhor Roteiro Original (e mais alguns prêmios técnicos), mas viria a ser um dos filmes mais empolgantes da história do ator.

A presença de Newman é tão marcante na tela que é difícil explicar. Talvez o filme Estrada para a perdição (2002), estrelado por Tom Hanks, exemplifique bem. Aos 77 anos, o ator recebeu a indicação de Melhor Ator Coadjuvante pela Academia. Quando Paul aparece em foco, chegamos quase a prender a respiração. Na cena em que se confronta com Hanks, então, ficamos roxos.

Além dos já citados, eu aconselho também uma obra obrigatória de Newman: Golpe de Mestre.

Seu último trabalho foi Carros, animação da Pixar, quando Newman emprestou sua voz para o personagem Doc Hudson – um carro de corridas cheio de prêmios que se aposentou e sumiu. Arrisco dizer que nenhum ator na história se aposentou tão bem, pois em Cars, Paul se despediu do cinema e das corridas ao mesmo tempo, e em grande estilo.

Vale a pena
A falta da interrogação na pergunta acima é proposital. Não preciso nem explicar. Está entre os dez maiores atores da história do cinema.

Nota da carreira
10 - com louvor. Papéis que serão lembrados para sempre.

Luciano Marques

Missão Babilônia


Os roteiristas de Missão Babilônia (Babylon A. D.), Eric Besnard e Maurice G. Dantec merecem dez chibatadas cada um. E seria pouco. A nova aposta de Vin Diesel (que coleciona fracassos recentes), tinha tudo para ser um bom filme apocalíptico, embora seja uma espécie de cópia do brilhante Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón. No entanto, Besnard e Dantec foram tirar o pai da forca antes de terminar o script.

Na trama, o mercenário Toorop (Diesel) é pago para levar uma garota da Rússia para os Estados Unidos, em um mundo futurista devastado. A mesma foi alterada geneticamente e pode carregar algo extremamente letal para a humanidade.
A história empolga, certo? Pois é, o filme nos arrebata em alguns momentos, nos fisga em determinados pontos, mas deixa você puto da vida do meio para o fim. A história se torna sem sentido, dando lugar a uma correria descabida, e a resolução do enredo surge apenas nos últimos cinco minutos finais. Isso mesmo, eles jogam na sua cara uma explicação mequetrefe e sem a menor base.

O fim de Missão Babilônia (o último minuto), então, é mais inacreditável do que possa imaginar. A cena é insólita e você fica se perguntado: “Que porcaria é essa?”.

Vale a pena
Se está querendo ver a careca de Diesel mais uma vez, vá lá. O cara conseguiu bons resultados em Batalha de Riddick e Veloses e Furiosos, mas foi só. Caso não queira presenciar mais esse fracasso, veja o filme de Cuarón, que é bem mais interessante.

Nota
4 – Se você assistir à primeira hora do filme em casa e largar ele no meio, depois de cochilar no sofá, pode acabar voltando à sua vida feliz com a sensação de que perdeu um bom filme.

Luciano Marques

Trovão Tropical

Dirigido por Bem Stiller (espero que ele não insista na profissão), Trovão Tropical (Tropic Thunder) é mais uma sátira sobre os faniquitos de atores famosos que sobre filmes de guerra, o que é uma pena. Isso porque o “estrelismo” focado neste longa é mais particular aos norte-americanos que aos espectadores do resto do mundo.

O início do filme é interessante e aqui Stiller acerta: trailers mostram os “atores” que vão encarar uma superprodução sobre a guerra do Vietnã – o rapper Alpa Chino (Brandon T. Jackson), o astro de ação Tugg Speedman (Ben Stiller), o comediante Jeff Portnoy (Jack Black) e o pavio curto Kirk Lazarus (Robert Downey Jr.). O filme em questão está atrasado e com o orçamento estourado, e um dos produtores tem a brilhante idéia de soltar as estrelas no meio do mato para dar mais realidade à trama. E é lá que eles esbarram em guerrilheiros de verdade – embora acreditem que é tudo uma armação do diretor.

A premissa é excelente e poderia render num filmaço de comédia. Feliz ou infelizmente, Ben Stiller está sem graça (ó, que novidade), Jack Black se mostra um verdadeiro descendente de Jim Carrey (caretas, mas caretas e nada mais) e Downey Jr mostra que está aproveitando cada gota do seu melhor ano após uma carreira que parecia acabada antes de O Homem de Ferro.

Tropic Thunder tem uma única piada longa durante toda a trama (a do estrelismo). As demais passam tão despercebidas que chega a dar sono. É a prova de que boas idéias podem ser desperdiçadas se jogadas em mãos erradas.

Vale a pena?
Não. Você pode, com certeza absoluta, passar sua vida sem assistir a esse filme. E quando estiver à beira da morte, pode dizer ao seu filho: “Garoto... Não precisa ver Trovão Tropical... arghhhhh”.

Nota
5,5 – Nos EUA já está rendendo bons milhões, mas vai entender a cabeça dos gringos. Até alguns críticos de respeito por aqui, como o Rodrigo Salem (Revista Set), deram nota 8... 9 para o filme. Ou eu passei a não entender nada de cinema ou realmente sou muito carrancudo com o gênero Comédia.


Luciano Marques

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Bem-vindo à Prisão

Depois de um longo inverno, voltei a escrever no blog.

Existem poucos filmes de presídio que conseguem inovar e dificilmente gosto de uma comédia. Os dois juntos, então, é raridade. Até que a Fuga os Separe, com Eddie Murphy e Martin Lawrence (1999), que eu me lembre, foi o último. Pois eis que esbarro em Bem-vindo à Prisão, o longa de estréia do ator/diretor Bob Odenkirk, de 2006.

Bem-vindo à Prisão (Let's Go to Prison), traz no elenco Dax Shepard, Will Arnett e Chi McBride (que faz ótimo papel na série Pushing Daisies). O primeiro é um delinqüente que sempre foi preso por um juiz e, agora que o filho dele ( Will) foi preso, pretende descontar toda sua raiva. Chi é um dos presos mais antigos e líder dos gays negros da prisão – seu papel é impagável.

Você só vai encontrar Bem-vindo à Prisão nas locadoras, mas é uma excelente pedida – mesmo que poucas pessoas procurem hoje uma locação. O filme conseguiu me fisgar desde o início e não consegui parar de assisti-lo até o fim. Aliás, é o tipo de longa que você não consegue deixar de ver nem mesmo os créditos (sabe aqueles que têm uma cena enquanto as letrinhas passam? Pois então. Se você fica grudado ali, é batata: o filme foi bom).

Bem-vindo à Prisão foge dos clichês gratuitos e, quando não consegue escapar deles, os trata sem subestimar a inteligência do espectador. Há humor, alguma ação, comédia na medida certa e até algumas surpresas na trama. Pra que mais?

Vale a pena?
E muito. Claro, há de se assistir sem compromisso.

Nota
7 – Uma nota muito próxima de grandes filmes, mas, vou fazer o que? Gostei. Assistiria feliz até mesmo no cinema.



Luciano Marques

sábado, 23 de agosto de 2008

O Procurado

Curto e grosso: O Procurado, novo filme de Angelina Jolie, é o melhor filme de ação que vi nos últimos tempos. Sem deixar de lado as cenas impressionantes e fundamentais no gênero, o longa dirigido por Timur Bekmambetov conta com ótimas atuações e um roteiro inteligente. Olha, essa combinação é difícil de acontecer.

Ao ver o trailer, fiquei interessado em assistir, mas tinha quase certeza que seria apenas um bom conjunto de tiros, carros e explosões sensacionais. Me enganei. Jolie, Morgan Freeman e James McAvoy mostram que atores podem encenar muito bem em um filme desse tipo. Suas participações são marcantes e todos sabem aproveitar bem a profundidade da trama. Trama que, inclusive, consegue surpreender: pelos ganchos dramáticos, pela originalidade e pelos plot points (viradas).

O Procurado trata de Wes (McAvory, que me impressionou tanto quanto em O Último Rei da Escócia), um cara normal, entediado com o trabalho e que está pedindo para chutar o balde. Isso muda quando conhece Fox (Angelina, mais linda que nunca) e se envolve com uma Fraternidade de assassinos, da qual fazia parte seu pai desaparecido. O enredo é baseado em uma história em quadrinhos de Mark Millar.

Quando terminar de assistir O Procurado, provavelmente você vai se pegar pensando: “Bom... Muito bom”. Acredito que é justamente essa a sensação de alguém que sai satisfeito com o que viu.

O que mais me surpreendeu foi a direção de Timur Bekmambetov. O russo é o responsável por Guardiões da Noite e Guardiões do Dia, dois dos filmes mais malucos que já vi. Lembro-me de assisti-los (pelo menos um deles) virando os olhos e babando na camisa. Como se tivesse tomado LSD pelos ouvidos. Não consegui nem mesmo dizer se aqueles longas eram bons ou ruins – acho que nem me atreveria. Em O Procurado, o cineasta “Scavusca” provou que pode pintar em Hollywood e revolucionar um pouco o barraco. É bom... Aquilo lá anda um pouco parado e velho.

Vale a pena?
Dessa vez não vou dizer que vale para A ou para B. Para os que gostam de ação, emoção e bolinha de gude. O Procurado é um baita filme que merece ser assistido por todos. Vi até mulheres que só acompanham os namorados nesses tipos de produção saírem contentes. Falar mais o que?

Nota
8,5 – Se elogiei tanto, porque não mais que isso? Calma lá. É bom, divertido, esperto, mas não vai se tornar inesquecível. No futuro, vai ser aquele filme que muitos vão pegar na locadora e se surpreender. É o tipo de filme que vou comprar para minha coleção, mas antes de assisti-lo, tem uma longa fila de espera...

Luciano Marques

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Zohan – agente bom de riso


Quem me conhece sabe que não sou adepto a comédias. Ou ela me faz rir um bocado ou é um fracasso. Aliás, fracasso é a tônica dos últimos anos no que diz respeito a esse gênero. Zohan, que estreou na última sexta-feira, é uma exceção. O filme, estrelado por Adam Sandler, é engraçado, tem ritmo e honra a filmografia do ator.

Sandler escolhe os papéis certos. São filmes pueris, tolos, ingênuos? São, sim, mas divertem. E este, até que me provem o contrário, é o objetivo de uma comédia. Click, Golpe Baixo, Espanglês, O Paizão, O Rei da Água, Como se Fosse a Primeira Vez, todos eles navegam entre o hilário e o romântico. Relegados à Sessão da Tarde? E daí? Melhor que muito filme por aí que eu não assistiria nem que me pagassem.

Zohan – Um agente bom de corte (outra infeliz tradução brasileira do original, que seria “Não se meta com Zohan”), tem seus momentos de piadas que não funcionam, mas, no todo, é uma produção agradável de ver. Primeiro pela originalidade. Segundo porque Adam tem “timing” e consegue “gags” nunca ou pouco vistas em outros filmes.

A trama conta a história de um militar de Israel a lá James Bond, temido por todos os terroristas da região (até mesmo um título como “Licença para cortar” seria mais ideal que o dado por aqui, mesmo que carregasse a falta de originalidade). Mas ele não quer isso para o futuro, pois nasceu para fazer cortes estilosos de cabelo. O enredo é simples e não foge muito disso. Destaque ainda para o sempre excelente John Turturro.

Li críticas desse filme que acusavam as piadas de serem risíveis, às vezes até mesmo constrangedoras. Desculpem-me o comentário, mas era uma mulher. Provavelmente sentiu-se incomodada com as cenas de sexo, geralmente colocadas de maneira apelativa. Em Zohan, muitas delas são de péssimo gosto, é verdade, mas tais cenas não deixam o longa menos divertido. Que me perdoe ela, e elas, mas prefiro ver um filme que às vezes apela para o lado sexual, mas diverte no restante, do que qualquer outro sem graça por aí.

Vale a pena?
Depende. Pergunte a si mesmo: “Gostei dos outros filmes do Adam Sandler?”. Se a resposta for sim, é batata! Assista!

Nota
7 – Dificilmente dou uma nota dessas para um filme do gênero. Mas, face à enxurrada de comédias péssimas nos cinemas, tenho de aplaudir Zohan. Saí leve do cinema, dei umas boas risadas (o que é bom pra saúde) e agora tenho certeza que posso confiar no restante da filmografia do ator quando quiser ver um longa descompromissado.

Luciano Marques

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Caçada

Rechard Gere estava sumido. Lá se vai um bom tempo desde que o ator posava de galã para uma linda mulher. Acho que o último foi o fracassado Dr. T e suas mulheres. Mas, de tanto procurar, o cinqüentão acertou ao encarnar o papel de um jornalista de guerra em A Caçada (The Hunting Party). Me deu a impressão de que o filme não alcançou plenamente seu objetivo, mas a atuação de Gere é descente e mostra que ele pode assumir outros planos dentro de Hollywood, como fez George Clooney.

Há mais ou menos um mês o chamado “Carniceiro da Bósnia” – Radovan Karadzic, ganhou as manchetes do mundo. O líder sérvio foi preso após 13 anos de buscas. Antes de chegar aos jornais, porém, sua história já estava retratada no filme A Caçada, baseada em fatos reais. Um grupo de jornalistas de guerra se reúne após alguns anos e, depois de se embebedarem, resolvem caçar um dos homens mais procurados do mundo. Claro, eles acham e sentem o terror na pele.

No filme estrelado por Gere, há algumas diferenças (fazem de cara limpa). Mas o jornalista encarnado por ele é cativante, sínico e irreverente. Fracassado profissionalmente, resolve partir em uma jornada louca atrás do carniceiro. Ele o faz ao lado do antigo companheiro cinegrafista (Terrence Howard) e o filho do chefão da emissora onde trabalhava (Jesse Eisenberg).

A Caçada poderia ser um filme mais tenso (algo como O Massacre da Serra Elétrica. É sério!). Acho que um maior suspense transformaria esse filme em uma verdadeira pérola. Mas, como o diretor Richard Shephard (O matador) resolveu amenizar, ficamos mesmo com o humor negro de alguns momentos e da aventurazinha bacana dos jornalistas.

Vale a pena?
Com certeza. Como verá na nota, A Caçada não é lá grande coisa, mas desperta um certo interesse em quem está assistindo. E temos nesse título um genuíno longa, daqueles que não procuram copiar fórmulas já existentes.

Nota
6,5 – Diante de tantos defeitos, o filme poderia ser um filmaço, mas é apenas um filme. E ponto.

Luciano Marques

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Grande decepção de Dave

Era uma vez Eddie Murphy. Rimos um bocado com o ator que, por pelo menos uma década, nos impressionou com a boa série Um Tira da Pesada, que nos divertiu em comédias relativamente agradáveis como O Professor Aloprado e Um Príncipe em Nova York. Thats it. Acabou. Melhor dizendo, o ator está acabado. Pensei que após o horroroso Norbit, Murphy daria o ar da graça novamente em O Grande Dave. Ledo engano. Seu novo filme é de dar pena e não merece nem mesmo ir para a TV às 3 da tarde.

O título, em inglês, é Meet Dave (Conheça o Dave). O cartaz deveria ser pixado nos cinemas. Deveriam trocar para “Não conheça o Dave”.

Pelo trailer, fiquei empolgado (já deveria ter me acostumado a isso, mas não aprendo). Algo me dizia que a trama mostraria uma história original de comédia e ficção científica. Ah, que saudades de Cocoon e O Milagre Veio do Espaço. A idéia foi completamente desperdiçada com piadas fora do tempo e que não fazem rir nem mesmo a uma criança. Para não exagerar tanto, dei um único tímido sorriso em todo o filme. Mas do que adianta, se sai com vontade de chorar?

Meet Dave é outro grande equívoco de Eddie Murphy. A pena é que nem mesmo um bom roteirista ele está encontrando. Já começo a temer pelo quarto filme de Um Tira da Pesada, que deve pintar por aqui em breve (diferente de Duro de Matar 4.0 e Rambo).

Vale a pena?

Só mesmo a título de curiosidade. Vale como aula: você vai aprender como se desperdiça uma história. Enredo fraco, cheio de muletas e repleto de piadas (ruins).

Nota
1 – Por que não vale zero? Ainda há alguns bips na máquina da UTI que mantém Eddie Murphy vivo.

Luciano Marques

Herói: nada convencional

Herói, o novo filme de Cuba Gooding Jr, segue à risca a linha que o ator costuma escolher. Não são opções óbvias, tramas gratuitas ou previsíveis. Normalmente, os papéis que interpreta possuem mais profundidade. À primeira vista, Herói pode parecer com aqueles filmes de pancadaria, mortes e vingança, com tiros para todos os lados e heroísmos descabidos. Não é. Culpa, em parte, da tradução brasileira para Hero Wanted.

O longa dirigido por Brian Smrz (Duro de Matar 4.0 e Superman – O Retorno, como assistente) é sério, exibe momentos de drama e trata da melancolia de um homem perturbado que resolve agir face à injustiça. Mas a história não é simples assim e não merece ser lida por quem ainda vai aos cinemas. Sinceramente, eu estou começando a odiar sinopses e trailers. A cada dia que passa eles contam mais sobre a produção, estragando muitas surpresas.

Não sei quando Herói vai estrear no Brasil e se vai estrear (pode ir direto para as prateleiras das locadoras). Fato é que a nova aposta de Cuba deve ser conferida. Talvez você perceba que o ator merece um melhor status em Hollywood.

Vale a pena?
Se você não está procurando mais um filme de ação, como os muitos que pipocam nos cinemas, veja Herói. Se quer ação embasada por uma trama densa, assista Herói.

Nota
7 – Herói é um filme diferente dos demais. Aqui e ali surge um filme desses. É o tipo de longa que você não vai conseguir dizer: “É parecido com aquele...”. Não é uma obra de arte, mas merece o dinheiro da bilheteria.

Luciano Marques

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Teste de audiência: como nos EUA

A Caixa Cultural promove, nesta sexta-feira, a 16ª edição do Teste de Audiência, quando passa um filme nacional antes de ele entrar no circuito. É a chance de assistir a uma obra inédita e ainda opinar para um diretor atento e, normalmente, disposto a mudanças.

O filme da vez é o Pan-Cinema Permanente, documentário que conta a vida do poeta Waly Salomão (1944-2003). O filme, de Carlos Nader, investiga o poeta baiano que acreditava que realidade é ficção, vida é teatro e tudo é cinema. A sessão, gratuita, será dia 08 de agosto, a partir das 19h30. Ao final da exibição, o diretor participa de debate com a platéia.

Pan-Cinema Permanente traz imagens de Waly Salomão captadas durante catorze anos pelo diretor e amigo Carlos Nader. Os registros, sobretudo de viagens a lugares como Síria e Amazônia venezuelana, dão uma idéia do universo heterodoxo do poeta. Em uma das cenas, por exemplo, Waly aparece improvisando uma serenata para músicos alemães no meio de uma rua de Colônia, em 1989. Em outra, o poeta vocifera um de seus poemas rastejando pela areia de uma praia em Salvador, em 1985.

Além das falas contidas nas cenas e nas entrevistas de Waly, o documentário traz depoimentos de pessoas cujas vidas foram profundamente marcadas pelo poeta, como Caetano Veloso, Antonio Cícero, Susana de Moraes e Regina Casé. São estórias variadas, que inevitavelmente levam à mesma conclusão: o mote que orientou a vida de Waly é o de que toda convenção foi feita para ser quebrada, dentro dos quatro cantos do papel e, sobretudo, fora deles. Para ele, como para talvez nenhum outro poeta brasileiro do final do século passado, poesia era uma performance de vida.

Essa será, por enquanto, a última sessão do projeto, idealizado pelos cineastas Renato Barbieri e Marcio Curi. Nos Estados Unidos, quase todos os filmes passam por testes de audiência. Bem que a moda poderia pegar por aqui.

Ficha técnica

Pan-Cinema Permanente (documentário, 83 min, cor, Brasil, 2008)
Direção, Fotografia, Roteiro e Montagem: Carlos Nader

Serviço:
Teste de Audiência, com o filme Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader

Dia: 08 de agosto de 2008
Horário: 19h30
Local: Teatro da CAIXA Cultural – SBS Qd 4 lote 3/4, anexo do edifício Matriz da Caixa
Recepção: 3206-9448/ Administração: 3206-9450
Entrada franca, lotação máxima do teatro 400 lugares
Classificação etária: livre

Informações e entrevistas:
Flávio Botelho (filme Pan-Cinema Permanente): (11) 3813- 7320/ 8141- 9802
flavio-botelho@uol.com.br

Luciano Marques

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A Múmia está velha

O trailer é fantástico, como sempre. Os cartazes são enormes e elaborados, como sempre. O filme... ah, o filme é o aviso que já deu o que tinha de dar. A Múmia – Tumba do Imperador Dragão, que estreou na última sexta-feira, veio para demonstrar que o formato já está esgotado. A série de múmias protagonizada por Brendan Fraser (até aqui uma trilogia), deixou no ar uma quarta edição, na América do Sul, mas, se acontecer, será um equívoco. Eu sei, são filmes blockbuster, feitos exatamente para ter continuações e render muita grana. Mas não compensa.

O personagem de Brendan, Rick O’Connell, é uma mistura de Indiana Jones e Allan Quatermain – tem um leve tom histórico de um e o lado pastelão do outro, portanto, não tem identidade. Mas, feliz ou infelizmente, caiu no gosto dos jovens e deve agradar mais uma vez àqueles que vão ao cinema sem “compromisso”.

Em A Múmia – Tumba do Imperador Dragão, além de Brendan, temos Jet Li como destaque. Ele encarna Han, primeiro imperador de Quin. Rick e sua esposa Evelyn (a bela e talentosa Rachel Weisz pulou do barco e deixou o papel para Maria Bello) encontram o filho Alex (Luke Ford), despertam a múmia do ditador e se envolvem naquela correria louca que marca os outros dois longas.

Em A Múmia e O Retorno da Múmia, os efeitos especiais chamavam muita atenção e maquiavam um pouco a falta de criatividade dos roteiros. Neste terceiro filme, no entanto, nem isso segura a empolgação. Com o passar dos minutos você se desanima e sabe no que fatalmente vai dar aquele corre-corre. Dá até para ir ao banheiro sem perder nada importante da “trama”.

Vale a pena?
Se você quer gastar mais de R$ 30 para ver algo previsível, mas divertidinho, vai lá. Quer ver efeitos legaizinhos? Vai lá. Quer algo realmente bom do gênero? Então alugue a trilogia do Jones para rever ou procure os divertidos filmes do Quatermain.

Nota
6,5 – não dá para avacalhar o filme como um todo, pois a criançada vai gostar. Afinal, tem uns Pé Grande bem legal, né, tio?

Luciano Marques

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Arquivo X: acredito que é para fãs

Seis anos após o fim da série, eis que surge um novo longa. Chris Carter resolveu trazer novamente à cena Fox Mulder e Dana Scully. Eu, particularmente, sou fã incondicional da série. Já a assisti inteira duas vezes. Mas o filme é decepcionante. Vale apenas para quem estava com saudades de ver a dupla em ação. Quer dizer, ação entre aspas, pois Arquivo X – Eu quero acreditar é pé no freio total.

Chris Carter foi o J.J. Abrams do seu tempo. O criador de Lost deve muito a esse cara. Mas ele estava de férias, surfando pelo mundo. Perdeu o embalo. Durante a série, ele fazia de cada capítulo um filme. Literalmente! Um melhor que o outro. Mas esse novo longa (estreou na última sexta-feira) se arrasta em seus longos minutos.

Só há uma única chance de um não-fã da série gostar do novo filme de Carter: apreciar filmes policiais, como os de serial killer, onde as peças vão sendo encaixadas aos poucos até o clímax.

Devo confessar que adorei rever Mulder e Scully. Mesmo sem toda aquela conspiração alienígena. Mas, ao terminar o filme, olhei para os lados e encontrei um monte de gente com cara de quem comeu e não gostou. Podia ler suas mentes: “Cara, o que eu vim fazer aqui?”. Pobres coitados que não assistiram a série...

Vale a pena?
Como disse anteriormente, só mesmo um fá da série pode gostar de Arquivo X – Eu quero acreditar.

Nota
6 – Enfadonho, longo... Carter diz que vem um terceiro filme, dependendo da bilheteria. Espero que não.

Luciano Marques

Kung Fu a la Panda Black


Esperava mais de Kung Fu Panda. Mas calma. Acho que esperava algo sarcástico como Shrek. E Kung Fu Panda não veio para substituir o ogro mais famoso do cinema. Como animação, o novo filme da DreamWorks funciona plenamente e me fez dar algumas gargalhadas. Está longe de ser inesquecível, como Toy Story ou Monstros SA. Mesmo assim, é digno de ser colocado entre as muito boas animações da grande tela.

Além de engraçado, podemos ver através do Panda o próprio Jack Black, seu dublador. Na verdade, é a primeira vez que sua voz é encaixada em um personagem que lhe é familiar (afinal, o ator jamais conseguiu fugir de seu estereotipo freek-pilhado). Se não me engano, ele também emprestou suas cordas vocais em A Era do Gelo e Espanta Tubarões.

A história é simples, com enredo amarradinho, mas batido, e as técnicas já nos são tão costumeiras que nem prestamos atenção em detalhes (antes, quando um animal peludo aparecia, babávamos com cada fio: “Nossa, como eles fizeram isso?”). Então, não espere nada de novo.

No entanto (adoro poréns), Kung Fu Panda não é apenas uma animação de comédia. É, na verdade, uma homenagem ao estilo (tantos dos filmes do gênero como à própria arte marcial). E as cenas de luta são incríveis. Melhores ainda são as tomadas em câmera lenta. Em 3D e na tela do Imax, ganharia fatalmente mais 1,5 ponto na nota.

Já que falei das lutas incríveis, vale uma observação. Tenho certeza que Kung Fu Panda surgiu para aliviar a sede de pancadaria juvenil que tomou conta dos desenhos animados nos últimos dez anos. Desde que Dragon Ball surgiu e ditou a nova ordem dos programas infantis, eu esperava por uma animação que levasse a porrada para o cinema.

Vale a pena?
Sim. Tanto para quem gosta de animações quanto para quem gosta de filmes de Kung Fu.

Nota
7 – Não é um Pocahontas (relegado à poeira nas prateleiras), nem um Wall-E. Mas preenche o espaço dignamente e vai divertir crianças e adultos. A seqüência, embora eu não desejasse uma, vai vir com certeza.

Luciano Marques

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas: mais uma vez o Coringa rouba a cena










Chega de Batman brilhante, com mamilo na armadura e cores para todos os lados. As aventuras do Morcegão sob as batutas de Tim Burtom e cia já estão longe da minha memória. O que restou de bom foi apenas a inquietante visão do Pingüim de Denny DeVito. A vez é do diretor Christopher Nolan, que vem recontando a história do personagem desde Batman Begins. Melhor para a Warner. Em Batman – O Cavaleiro das Trevas, que estréia nesta sexta-feira (18/7), temos a certeza que o justiceiro de Gotham City está recebendo o devido tratamento na grande tela.

Christian Bale não é lá um primor de ator para merecer o uniforme de uma das figuras mais conhecidas do planeta, mas não compromete. Frente a aberrações como Michael Keaton, Bale nos faz brilhar os olhos. Mesmo assim, vimos mais uma vez o vilão roubar a cena. Em O Cavaleiro das Trevas, Coringa ganha a fenomenal interpretação de Heath Ledger, ator que infelizmente faleceu em janeiro. Lamento sua morte por um motivo simples: Ledger levou à telona o melhor Coringa da história. O personagem é um louco. Nos quadrinhos, fugiu do Asilo Arkham, um manicômio de segurança máxima para criminosos insanos. E é justamente esse Coringa que vemos na nova produção de Nolam. Desequilibrado, inquieto, maníaco. Chega a ser perturbador vê-lo em ação. Sua voz parece ter sido feita para isso, pois é de gelar o sangue. Por isso Heath é, de longe, a grande estrela desse lançamento. Não se espante se for indicado ao Oscar.
Ainda mais maduro que o primeiro, O Cavaleiro das Trevas nos traz elementos de histórias que já presenciamos nas HQs, como Batman Ano Um e Piada Mortal, mas tem o seu “que” de originalidade. Apesar de longo, o filme nos empolga, pois tramas e sub-tramas, uma engatada na outra, nos movem ao desfecho com extremo interesse. Tem de tudo, da ação corriqueira às viradas no roteiro. Até os novos brinquedinhos do Morcegão são legais, como a “bat-moto”.

Outro que merece menção honrosa é Aaron Eckhart. O ator nos apresenta um fantástico Duas Caras, um dos mais tradicionais vilões do justiceiro. Sua atuação como Harvey Dent também é primorosa.

Finalmente falemos de Batman. Se em outras versões presenciamos um personagem que se importava com o politicamente correto e fazia festinhas para ricos em sua mansão Wayne, em O Cavaleiro das Trevas conhecemos uma face fidedigna do herói. Aliás, minto. Batman não é herói, nem tão pouco vilão. O cunho de justiceiro por mim utilizado mais acima me parece perfeito. Bruce é tão perturbado psicologicamente quanto seus inimigos. É movido pela vingança, não pela justiça. Pelo visto, Nolan vem construindo, devagar, esse incrível quebra-cabeça que se veste de morcego.
Teremos pelo menos mais dois filmes de Batman sob o comando de Nolan. A julgar pelo belo trabalho desempenhado em Begins e Cavaleiro das Trevas, o pacotão de paspalhadas do passado (das séries de TV estreladas por Adam West até Joel Schumacher) será relegado ao esquecimento.

Vale a pena?
Uma ótima pedida para os amantes do cinema e imprescindível para os fãs do personagem.

Nota
9,5 – Nolan é ótimo diretor, mas não consegue concluir suas obras de forma 100% coesa. Não fosse isso, ganhava um 10.

Luciano Marques
Agradecimentos especiais à Espaço Z Marketing e Entretenimento

terça-feira, 15 de julho de 2008

Nim’s Island: imaginação à solta

Alguns filmes realmente me surpreendem. Ilha da Imaginação (Nim’s Island), que estréia no Brasil na próxima sexta-feira (18/7), é um deles. Pelo trailer, pelo cartaz e pela sinopse, tudo levava a crer que o longa era mais um daqueles bobinhos, com roteiro batido e que no final seria ejetado da minha memória. Ao contrário. O roteiro é encantador, as atuações são pontuais e o todo deixa uma boa impressão até mesmo naqueles que assistirão com um pé atrás. Eu fui um deles.

Ilha da Imaginação se parece com aqueles filmes que passam na TV durante as férias. Mas é um filme-de-férias que você não consegue parar de assistir. Os donos da “criança” são Jennifer Flackett e Mark Levin. A dupla já tinha escrito o ótimo Wimbledon - O Jogo do Amor (2004) e repete a parceria neste longa. Dessa vez, porém, além de assinarem o roteiro, também assumem a direção.


Além da história, bem original (e quando não é, os clichês são tratados com respeito e uma certa criatividade), nos encantamos com os personagens – surpreendentemente profundos para esse tipo de produção. Temos de volta Jodie Foster, que encarna a escritora Alexandra, Gerard Butler (300), que interpreta o cientista Jack Rusoe e Alex Rover, e ainda a jovem e promissora Abigail Breslin, irreconhecível sem os óculos que carregava em Pequena Miss Sunshine. Irreconhecível no lado bom. Quem se maravilhou com ela no início da carreira, pode se preparar. Ao interpretar Nim, a protagonista de Ilha da Imaginação, a atriz provou que veio para ficar.

Está certo que vamos ter sempre em nossa mente o papel da garotinha que tenta, em meio aos imbróglios da família, participar de um concurso de beleza mirim. Mas foi assim com Jodie Foster após Táxi Driver. Até encarnar a também inesquecível Clarice Starling, em Silêncio dos Inocentes, só a víamos como Íris. Quem sabe não acontece o mesmo com Abigail?

Solte a imaginação ou, se preferir, viaje de carona na mente ingênua e fantástica de Nim. Quando você menos esperar, vai se ver torcendo por isso ou aquilo no decorrer do filme. E geralmente quando isso acontece – a história te tira do eixo e mexe com sua cabeça –, ele alcançou êxito.

Vale a pena?
Diversão garantida para crianças e adultos. O grandalhão ou grandalhona que torcer o nariz, não tem imaginação fértil o suficiente.

Nota
7 – existem algumas pontas soltas no roteiro (aqueles tópicos do filme que ficam sem resposta), mas o todo compensa. Não seja exigente! Assista de forma descompromissada, afinal, produções perfeitas não surgem todos os dias.

Luciano Marques

domingo, 13 de julho de 2008

Viagem ao centro da terra: a nova onda 3D

Fiz questão de ir a São Paulo neste fim de semana para conferir o que promete ser a nova aposta do cinema: os filmes em 3D. Para dar uma nova roupagem à história Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne (1864), a PlayArte resolveu chamar um estreante para dirigir: Eric Brevig, supervisor de efeitos especiais nos longas A Ilha (2005), A Vila (2004) e Um Dia Depois de Amanhã (2004). Explica-se: para rodar uma produção em três dimensões, só mesmo alguém que entende, e muito, da parte técnica. Um outro exemplo é James Cameron, que começou rodando comerciais, partiu para os efeitos especiais e só então para o posto principal dos sets. Ele, aliás, está rodando um filme em 3D neste momento.

Por que fui a São Paulo? Infelizmente nosso país subdesenvolvido só possui seis salas preparadas para essa tecnologia. Acredite. As salas em questão estão em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Se você assistiu à propaganda e ficou empolgado com o fato de ver um filme em 3D, esqueça. Se não estiver em um desses estados, vai assistir mesmo é uma versão em 2D, produzida para os menos afortunados. Quem mandou sermos pobres?

Na reciclagem do clássico de Julio Verne, Trevor (Brendan Fraser, de A Múmia) um geólogo que estudava o centro da Terra com o irmão Max, recebe a visita do sobrinho Sean (Josh Hutcherson, de Ponte para Terabítia). Ambos, guiados por Hannah (Anita Briem), acabam caindo, meio que acidentalmente, onde? No centro do Planeta. A história é mais que conhecida.

O filme de Brevig foi idealizado e produzido para ser projetado em 3D. A história é fraquinha, tipo Sessão da Tarde (e das mais previsíveis), e em 2D perde completamente o sentido. A grande diversão é mesmo a terceira dimensão, presente em todo o longa-metragem. O próprio Brendan Fraser sentenciou ao ser entrevistado: “Eu não veria o filme em 2D”. Então, é uma pena saber que são poucos os brasileiros que curtirão Viagem ao Centro da Terra como se devia.

No início eu disse que essa tecnologia deve ser a aposta da sétima arte a partir do ano que vem, já que cada vez mais largamos o cinema para ver filmes em casa. E se você não acredita, veja só o que está vindo por aí:

Ainda este ano: Bolt (animação da Disney), Fly me to the Moon (animação belga) e O Estranho Mundo de Jack (relançamento do Stop Motion de Tim Burton em 3D).

Em 2009: Avatar (longa de James Cameron), Premonição 4 (o quarto da série que você já conhece), G-Force (outra animação da Disney, que parece ter acordado antes das outras), Era do Gelo – Dinossauros (mais uma vez sob a batuta do brasileiro Carlos Saldanha), Monstros x Aliens (Dreamworks), Dia dos Namorados Macabro (uma refilmagem do clássico de 1981), Toy Story (uma remodelagem para o formato), entre outros. Só para o ano que vem, já são esperados 15 filmes em 3D. Para 2010, outros sete, e para 2011 mais dois. Até as continuações, como Carros 2, da Pixar, vai vir em 3D.

Ou os cinemas que não estão preparados abrem o olho, ou vão perder terreno para os que investiram antecipadamente. Antes, era possível rodar os dois tipos de filme no mesmo projetor, como em A Hora do Pesadelo 6 (1991). Hoje, não mais. A tecnologia é nova (é perceptível em Viagem ao Centro da Terra) e requer projetores exclusivos, tais como o do IMax (prestes a abrir as portas em São Paulo). O que me estranha é Brasília ficar de fora, já que a Capital Federal tem o maior número de salas por habitantes do País (aqui a sétima arte é um vício). O jeito vai ser berrar em frente ao Cinemark: “Queremos filmes 3D! Queremos filmes 3D!".

Vale a pena?
Se for em 3D, corra para assistir. Se for a versão mequetrefe, feita para os janistroques (essa é pra procurar o Aurélio), nem perca tempo. Não adianta comprar um óculos avulso e testar. No máximo vai parecer um junkie dos anos 70.

Nota
7,5 – para a versão em 3D. É diversão garantida e, mesmo que o formato se torne rotineiro (lá pra 2012, 2013), vou continuar curtindo assistir a produções em três dimensões. O próprio show do U2, em 3D, é um absurdo de perfeito.
6 – em 2D... olha, nem sei como classificar, já que uso tanto o comparativo “Sessão da Tarde”. Atuações fracas, enredo já conhecido e previsível. Só salva mesmo os belos cenários, todos gerados em computação gráfica.

Luciano Marques

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Gotham Knight: a verdadeira face de Batman











Após Batman Begins e antes do lançamento de Batman – O Cavaleiro das Trevas (18 de julho), a Warner colocou na praça um DVD com animações pra lá de especiais do herói mascarado: Gotham Knight (O Cavaleiro de Gothan). A pedido de um amigo, faço aqui a crítica do mesmo.

Em primeiro lugar, pensei que Gotham Knight emendava o primeiro filme no segundo, trazendo informações importantes. Não é bem assim. A animação, dividida em seis capítulos, é única, exclusiva e destacada de tudo. Conta um pouco mais do início da carreira do morcegão, é verdade, mas não é imprescindível para assistir ao segundo longa dessa nova leva. Quer dizer... Para os fãs do herói, Gotham Knight é um prato cheio e obrigatório. Ou para quem quer conhecer a genuína forma de Batman.

Falo da verdadeira face do herói porque quem nunca leu os quadrinhos não sabe como ele é. Batman não é um riquinho mimado que faz festas nas mansões para agarrar loiras histéricas (só de lembrar do Michael Keaton tenho arrepios de terror). Batman é um homem perturbado, com quase dois metros de altura e que só larga um bandido após lhe quebrar alguns ossos. Fratura exposta mesmo. E é justamente isso o retratado em Gotham Knight. Bom saber que o personagem pode ser tratado de forma adulta. Já estava cansado de ver o cara sendo desenhado de forma infantil.

Em Gotham Knight, assistimos ao herói em ação como ele sempre foi nos quadrinhos. E sonho um dia ver um filme nos mesmos moldes. Quase uma utopia, já que a produção ganharia a proibição para menores de 18 anos, o que não interessa aos produtores (acontece o mesmo com Wolverine).

As seis histórias são escritas por pessoas que entendem do riscado: os roteiristas Josh Olson (Marcas da Violência), Alan Burnett e S. Goyer (escreveu Batman Begins), e os quadrinistas Greg Rucka, Jordan Goldberg e Brian Azzarello. Tudo supervisionado por Bruce Timm, o responsável por Batman: The Animated Series e Justice League: The New Frontier (desenhos da TV que, apesar de infiéis, são os melhores até agora).

Ao assistir Gotham Knight você percebe que os produtores norte-americanos se renderam aos traços japoneses. Mais dia, menos dia, isso aconteceria. Aliás, os desenhos foram encomendados junto aos estúdios japoneses 4°C, Production I.G, e Madhouse.

Não são apenas seis histórias, mas seis estilos de desenhos diferentes. Há uma mistura de estilos, que passam por traços gringos, japoneses e até franceses. Dá para perceber as influências. Nos episódios, nos lembramos de Aeon Flux, Akira, As Bicicletas de Belleville e por aí vai. É um passeio pelo que há de melhor e único nas animações clássicas.

Ao terminar Gotham Knight, você pode ter a impressão que faltou muita coisa, que ficaram pontas soltas. A verdade é que um DVD é pouco para abordar tudo o que não foi abordado até aqui, seja em desenhos para televisão ou cinema. Vamos torcer para que no futuro o morcegão apareça mais vezes em sua real forma: negra, apavorante, intimidante. Para maiores de 18 anos mesmo. As crianças que esperem!

Vale a pena?
Indiscutível. Vale para os que querem conhecer o personagem de verdade. Para quem é fã, nem preciso indicar. Vale também como uma prévia de O Cavaleiro das Trevas (toda vez que escrevo esse título fico irado. Não deveriam ter feito isso para o segundo filme, pois o título já pertence a uma história específica onde Batman, velho, se encontra com o Super-Homem).

Nota
9 – não ganha um dez por ser extremamente curto (pouco mais de uma hora).

Luciano Marques

domingo, 6 de julho de 2008

Hancock: pau na máquina

Ao que parece, Will Smith provou que, além de talento, tem outra característica pertinente a um astro: saber escolher seus filmes. Sua lista já é invejável e o novo Hancock não é diferente. A questão “super-heróis” está em voga nos últimos anos, mas Hancock consegue fugir do óbvio e nos apresenta uma história bastante original.

Dirigido pelo ator/diretor Peter Berg (Tudo Pela Vitória e Bem-vindo à Selva), a nova produção de Will Smith fala de um humano com poderes extraordinários. O problema é que o personagem título é alcoólatra e se mete em atos heróicos tão desastrosamente quanto uma criança que resolve empunhar uma moto-serra ligada. É justamente essa situação que torna o início do filme interessante. Felizmente, não é só isso.

Hancock é inteligente ao esbarrar nos chavões e clichês (inevitáveis em um filme de herói), acrescentando humor e ação na dose certa. As atuações, incluindo aí Charlize Theron, não são monumentais, mas garantem ao filme de Peter Berg umas boas estrelas. Quem ainda não viu seu melhor trabalho (Bem-vindo à Selva), confira. É uma divertida sessão da tarde com mais uma brilhante interpretação de Christopher Walken.

Justamente por ser original, espero realmente que não haja um Hancock 2. O filme tem uma história única, que não cabe uma continuação. Algumas tramas têm essa particularidade e merecem ser respeitadas. Afinal, já imaginou o quão horrível seria a continuação de ET, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Forrest Gump? Até mesmo o último sucesso de Will Smith, Eu Sou a Lenda. A história termina ali, antes do “the end”, e pronto.

Vale a pena?
Com certeza. O filme atrai um publico abrangente. Quem gosta de ação, comédia, suspense (o filme surpreende em alguns momentos) e, claro, super-heróis, vai sair do cinema satisfeito.

Nota
7,5 – Não é lá um Batman Begins... um X-Men, mas cumpre seu papel dentro do proposto. Hancock está longe de ser inesquecível, mas vai render uma bela bilheteria mundial.

Luciano Marques

sábado, 5 de julho de 2008

A Bíblia no Google Earth

Esse post não tem nada com cinema, mas o conteúdo bem que poderia se tornar um belo enredo, caso alguém utilizasse a idéia em um roteiro.
Criativos ingleses pegaram famosos eventos bíblicos e os "colocaram" no Google Earth – ferramenta do Google que faz fotos da Terra do alto, de satélites. O efeito é surpreendente.
Separei algumas aqui para o deleite de todos. Clique nas mesmas para ver em tamanho maior.
E se você está se perguntando como isso poderia render um filme, no fim, após as fotos, dou uma idéia.

A arca de Noé



















A Cruxificação



















O Jardim do Édem


















Moisés abre o Mar Vermelho



















A idéia para um roteiro? Um fenômeno natural acontece no espaço, próximo ao nosso planeta. Este mexe com o espaço e com o tempo (segundo Albert Einstein, o tempo não transcorre como imaginamos). Funcionários do Google descobrem acidentalmente que a ferramenta, com uma internet mais avançada, pode fazer com que o satélite tire fotos da Terra em outros tempos. Eles acabam esbarrando em imagens aéreas das pirâmides sendo construídas, dos dinossauros, da bomba atômica atingindo Hiroshima. O fim do filme? Eles descobrem que também podem ver fotos aéreas do futuro do nosso planeta, quem sabe devastado após a terceira grande guerra (final apocalíptico). Poderiam também ver uma Terra extremamente evoluída (desfecho feliz). Tá bom assim?

Luciano Marques

Donkey Xote: coitado dos europeus


O cinema europeu avançou bastante e consegue, aqui e ali, rivalizar com o hollywoodiano. No quesito animação, no entanto...

A tentativa foi feita com Donkey Xote, filme produzido por espanhóis e italianos, dirigido por Jose Pozo (El Cid) e que deve chegar ao Brasil em breve. A animação em si não deixa a desejar e é parecidíssima com as norte-americanas. Mas o enredo e a personalidade dos personagens... Hum, é de dar pena.

Os personagens da história são Don Quixote, seu escudeiro Sancho, o cavalo Rocinante e o burro Rucio. E se você acha o burro parecido com o burro de Shrek, não é uma mera coincidência. O mesmo foi encomendado junto à Dreamworks e é praticamente o mesmo que aparece nos longas do famoso ogro. No cartaz do filme de Pozo, está escrito em letras garrafais: “Dos produtores que assistiram Shrek”. Nem essa piada/desculpa dá certo.

Nem vou me deter na história, pois o filme é uma completa perda de tempo. A trama é uma das mais previsíveis que já vi, todos os personagens são esquecíveis e o todo não conseguiu sequer mover meu lábio um milímetro (nem para cima, em um pequeno sorriso, nem para baixo, em tom de desaprovação e desgosto.).

Vale a pena?
Não. E um não categórico.

Nota
2 – só há uma oportunidade de ser visto: você que é louco, doido por animações, e está sofrendo abstinência do formato. Mesmo assim, se prepare para assistir a um filme que nem fede e nem cheira.

Luciano Marques

terça-feira, 1 de julho de 2008

Wall-E: impressionante

Dê personalidade a um robô e logo ele se torna um personagem inesquecível. Foi assim com R2-D2 e C3PO, de Star Wars, só para citar dois. E é assim com Wall-E, novo longa de animação dos Estúdios Pixar. Eles acertaram de novo. Toy Story, Vida de Inseto, Monstros SA, Procurando Nemo, Carros, Ratatoulli. Ao que parece, uma fileira inesgotável de sucessos.

Wall-E é um filme singular. Perfeito do início ao fim. E só por ter um enredo único, inigualável, já merece aplausos. A trama conta a história de uma Terra abandonada que é cuidada por um “robô sucateiro”. Os humanos a abandonaram há muito tempo, quando o planeta se viu assolado pelo lixo. Tudo muda quando o único (e não me refiro apenas à unidade matemática) ganha ainda mais sentido em sua via. Dizer mais que isso apenas entregaria o rumo da bela história criada e dirigida por Andrew Stanton (que esteve envolvido de alguma maneira em todos os filmes citados acima).

Mas não é só isso. Wall-E não é apenas um baita roteiro. A animação nem precisa de comentários porque já alcançamos a excelência e vai demorar para darmos um salto de evolução nesse formato. Mas o protagonista merece um imenso destaque. A ingenuidade do robozinho Wall-E é cativante. Cativante como poucos personagens o foram na história do cinema. Como Charle Chaplin em O Garoto. A criação de Stanton vai vender milhões de brinquedos e será lembrada na memória e na estante de muito marmanjo daqui a algumas décadas. Como ET.

Embora eu adore a fantasia, fiquei feliz por saber que o “animal” de estimação de Wall-E não foi estilizado. É apenas um inseto e não mais que isso. Não precisa, não merecia ser mais que isso. É perfeito. Aliás, a busca pela perfeição, pelo real, pelo cotidiano é mais um detalhe digno de destaque. O filme é, inclusive, o primeiro da Pixar que traz consigo uma mensagem: a preocupação com o meio ambiente.

Outra peculiaridade perfeita é a quase ausência de diálogos. Lembrou-me Alfred Hitchcock. O mestre do suspense começou sua carreira no cinema mudo e costumava dizer que poucos diretores sabiam o que fazer com o recurso do diálogo. Disparava, acusando que os mesmos costumavam fazer “fotografias falando”. Ele também era um mestre no diálogo, então sabia o que estava dizendo. Em Wall-E, Stanton prova a tese de Hitchcock: se é possível explicar algo sem diálogos, porque inserir falas? O resultado é uma fantasia cheia de imagens e significados, detalhes que tornam o filme ainda mais inesquecível.

Olhos
A quem ainda não assistiu ou pretende assistir de novo: prestem atenção nos olhos de Wall-E. A Pixar tem uma preocupação especial com os olhos de seus personagens. E talvez esteja aí o segredo de tantas figuras terem se imortalizado em nossa memória. Lembre-se de Procurando Nemo. Recorde-se de Vida de Inseto. Você sempre vai achar pares de olhos que dizem muito. Correção, que dizem tudo. Sem medo de cair no velho chavão, é por meio dos olhos que os filmes da Pixar ganham alma. Janelas que nos oferecem uma viagem ao incrível e inimaginável.

Vale a pena?
O que está esperando? Se leu tudo isso e ainda duvida, vá ao cinema. Não deixe para ver em vídeo. Aliás, veja na grande tela, pois você vai assistir outras tantas vezes em DVD.

Nota
10 – não há um único defeito em Wall-E. Até mesmo os clichês te surpreendem. Lúdico, lírico, encantador e emocionante.

Luciano Marques

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Death Note: o livro da morte


Algumas vezes vou falar aqui de filmes difíceis de encontrar, mesmo que tenham sido lançados recentemente. Assisti há dois meses a uma série japonesa de suspense policial em desenho animado: Death Note. A mesma, com quase quarenta capítulos, me chamou atenção e logo entrou para meu conceito como a melhor série de anime que já vi. Primeiro: não foi feita para crianças. Segundo: extremamente cinematográfica. Terceiro: tinha um roteiro tão elaborado que deixei de dormir para ver mais episódios madrugada afora.

Pois então, Death Note se transformou em filme de live action. Como a história é extremamente longa, o dividiram em dois filmes de duas horas. E, para minha surpresa, não decepcionaram nem um pouco. Foi como ver o desenho animado ganhar vida, carne e osso. Deveria ser um exemplo para os produtores que pensam em levar qualquer cartoon para a grande tela.

A história gira em torno de um garoto que acha um Death Note, o livro da morte de um Shinigami. O Shinigami é uma entidade do folclore japonês que é responsável pela morte das pessoas. Para o mundo, é a boa e velha morte com a foice e capuz preto. Só que “A Morte” dos japoneses é, de longe, bem mais criativa.

Os personagens são marcantes, bem elaborados e cativantes – daqueles que acabam dividindo o expectador (uns torcem para o A e outros para o B). A atmosfera criada é incrível e a trama muito bem amarrada. Falar mais o que?

Acreditem, vale tanto a pena assistir à série de desenho animado que chego a arriscar: ela rivaliza com Lost e cia. Então recomendo ver em anime mesmo. Mas, se a paciência for pouca, veja só os filmes em live action. O primeiro se chama Death Note – movie. O segundo vem com o título de Death Note – the last name.

Vale a pena?
Só vi algo tão criativo em desenho animado japonês em Akira, mas esse é apenas um longa e Death Note é uma série extensa (e cheia de reviravoltas). É aquele tipo de “produto” que eu gostaria de esquecer só para assistir de novo.

Nota
10 – para a série em desenho animado. Não tem como dar nota menor. É perfeito e ficará guardado para o resto da vida em minha memória. Para os que se perguntam o que é um “dez” de um crítico, aí está: só ganha essa nota uma produção que marca para sempre, como ET, Poderoso Chefão, Matrix, etc.
8 – esse é para o filme. É muito bom, mas quando você compara com a série torna-se covardia. Mesmo assim, aconselho assistir primeiro a série de desenhos e depois os filmes.

Luciano Marques

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Escafandro e a Borboleta

Por incrível que pareça, o que me fez assistir ao filme O Escafandro e a Borboleta foi o título, no mínimo, sui generis. Ao finalizá-lo, no entanto, percebi que não é apenas seu nome que é peculiar. O longa francês dirigido por Julian Schnabel é belo. Simples assim. Não acho outro adjetivo ou uma frase inteira para defini-lo. Mas a beleza a que me refiro não é aquela ligada ao melodrama, pois O Escafandro e a Borboleta não é “cute”. Pelo contrário, a trama é, por vezes, inquietante, triste. É também encorajadora sem ser piegas, ou seja, nada em se compara aos filmes que mais parecem um livro de auto-ajuda.

Algo também fascinante neste filme, que concorreu a quatro estatuetas do Oscar, venceu duas categorias do Globo de Ouro e deve estrear em breve no Brasil, é a fotografia. O diretor experimenta lentes, visões e posicionamentos de câmera de uma maneira imensamente criativa. Tanto que lhe deixa preso à história, exatamente como Jean-Dominique Bauby, aprisionado em seu corpo após um acidente.

O protagonista vive anos em coma após uma paralisia cerebral e descobre que não pode mais movimentar seu corpo. A única coisa que lhe resta é o olho esquerdo. Angustiado tanto quanto o personagem, até o espectador pensa em eutanásia. E o espectador aprende, junto com Bauby, que uma coisa não pode ser aprisionada: a memória e a imaginação.

O Escafandro e a Borboleta surpreende, emociona e angustia. Faz, então, tudo o que um filme deve fazer, em minha modesta opinião: mexer com os sentimentos de quem assiste.

Vale a pena?
Se você não tem bloqueio quanto a filmes europeus (aprenda a não ter, pois, filtrando, é possível achar maravilhas), esse longa francês vale realmente a pena. É diferente de quase tudo o que já viu e, querendo ou não, deixa uma boa mensagem (não que isso seja necessário em um filme).

Nota
8 – não concorreu a tantos prêmios de graça. É o tipo de filme que agrada a diversos públicos em qualquer lugar do planeta. Ah se mais brasileiros tivessem a mente aberta assim.

Luciano Marques