segunda-feira, 28 de julho de 2008

Arquivo X: acredito que é para fãs

Seis anos após o fim da série, eis que surge um novo longa. Chris Carter resolveu trazer novamente à cena Fox Mulder e Dana Scully. Eu, particularmente, sou fã incondicional da série. Já a assisti inteira duas vezes. Mas o filme é decepcionante. Vale apenas para quem estava com saudades de ver a dupla em ação. Quer dizer, ação entre aspas, pois Arquivo X – Eu quero acreditar é pé no freio total.

Chris Carter foi o J.J. Abrams do seu tempo. O criador de Lost deve muito a esse cara. Mas ele estava de férias, surfando pelo mundo. Perdeu o embalo. Durante a série, ele fazia de cada capítulo um filme. Literalmente! Um melhor que o outro. Mas esse novo longa (estreou na última sexta-feira) se arrasta em seus longos minutos.

Só há uma única chance de um não-fã da série gostar do novo filme de Carter: apreciar filmes policiais, como os de serial killer, onde as peças vão sendo encaixadas aos poucos até o clímax.

Devo confessar que adorei rever Mulder e Scully. Mesmo sem toda aquela conspiração alienígena. Mas, ao terminar o filme, olhei para os lados e encontrei um monte de gente com cara de quem comeu e não gostou. Podia ler suas mentes: “Cara, o que eu vim fazer aqui?”. Pobres coitados que não assistiram a série...

Vale a pena?
Como disse anteriormente, só mesmo um fá da série pode gostar de Arquivo X – Eu quero acreditar.

Nota
6 – Enfadonho, longo... Carter diz que vem um terceiro filme, dependendo da bilheteria. Espero que não.

Luciano Marques

Kung Fu a la Panda Black


Esperava mais de Kung Fu Panda. Mas calma. Acho que esperava algo sarcástico como Shrek. E Kung Fu Panda não veio para substituir o ogro mais famoso do cinema. Como animação, o novo filme da DreamWorks funciona plenamente e me fez dar algumas gargalhadas. Está longe de ser inesquecível, como Toy Story ou Monstros SA. Mesmo assim, é digno de ser colocado entre as muito boas animações da grande tela.

Além de engraçado, podemos ver através do Panda o próprio Jack Black, seu dublador. Na verdade, é a primeira vez que sua voz é encaixada em um personagem que lhe é familiar (afinal, o ator jamais conseguiu fugir de seu estereotipo freek-pilhado). Se não me engano, ele também emprestou suas cordas vocais em A Era do Gelo e Espanta Tubarões.

A história é simples, com enredo amarradinho, mas batido, e as técnicas já nos são tão costumeiras que nem prestamos atenção em detalhes (antes, quando um animal peludo aparecia, babávamos com cada fio: “Nossa, como eles fizeram isso?”). Então, não espere nada de novo.

No entanto (adoro poréns), Kung Fu Panda não é apenas uma animação de comédia. É, na verdade, uma homenagem ao estilo (tantos dos filmes do gênero como à própria arte marcial). E as cenas de luta são incríveis. Melhores ainda são as tomadas em câmera lenta. Em 3D e na tela do Imax, ganharia fatalmente mais 1,5 ponto na nota.

Já que falei das lutas incríveis, vale uma observação. Tenho certeza que Kung Fu Panda surgiu para aliviar a sede de pancadaria juvenil que tomou conta dos desenhos animados nos últimos dez anos. Desde que Dragon Ball surgiu e ditou a nova ordem dos programas infantis, eu esperava por uma animação que levasse a porrada para o cinema.

Vale a pena?
Sim. Tanto para quem gosta de animações quanto para quem gosta de filmes de Kung Fu.

Nota
7 – Não é um Pocahontas (relegado à poeira nas prateleiras), nem um Wall-E. Mas preenche o espaço dignamente e vai divertir crianças e adultos. A seqüência, embora eu não desejasse uma, vai vir com certeza.

Luciano Marques

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas: mais uma vez o Coringa rouba a cena










Chega de Batman brilhante, com mamilo na armadura e cores para todos os lados. As aventuras do Morcegão sob as batutas de Tim Burtom e cia já estão longe da minha memória. O que restou de bom foi apenas a inquietante visão do Pingüim de Denny DeVito. A vez é do diretor Christopher Nolan, que vem recontando a história do personagem desde Batman Begins. Melhor para a Warner. Em Batman – O Cavaleiro das Trevas, que estréia nesta sexta-feira (18/7), temos a certeza que o justiceiro de Gotham City está recebendo o devido tratamento na grande tela.

Christian Bale não é lá um primor de ator para merecer o uniforme de uma das figuras mais conhecidas do planeta, mas não compromete. Frente a aberrações como Michael Keaton, Bale nos faz brilhar os olhos. Mesmo assim, vimos mais uma vez o vilão roubar a cena. Em O Cavaleiro das Trevas, Coringa ganha a fenomenal interpretação de Heath Ledger, ator que infelizmente faleceu em janeiro. Lamento sua morte por um motivo simples: Ledger levou à telona o melhor Coringa da história. O personagem é um louco. Nos quadrinhos, fugiu do Asilo Arkham, um manicômio de segurança máxima para criminosos insanos. E é justamente esse Coringa que vemos na nova produção de Nolam. Desequilibrado, inquieto, maníaco. Chega a ser perturbador vê-lo em ação. Sua voz parece ter sido feita para isso, pois é de gelar o sangue. Por isso Heath é, de longe, a grande estrela desse lançamento. Não se espante se for indicado ao Oscar.
Ainda mais maduro que o primeiro, O Cavaleiro das Trevas nos traz elementos de histórias que já presenciamos nas HQs, como Batman Ano Um e Piada Mortal, mas tem o seu “que” de originalidade. Apesar de longo, o filme nos empolga, pois tramas e sub-tramas, uma engatada na outra, nos movem ao desfecho com extremo interesse. Tem de tudo, da ação corriqueira às viradas no roteiro. Até os novos brinquedinhos do Morcegão são legais, como a “bat-moto”.

Outro que merece menção honrosa é Aaron Eckhart. O ator nos apresenta um fantástico Duas Caras, um dos mais tradicionais vilões do justiceiro. Sua atuação como Harvey Dent também é primorosa.

Finalmente falemos de Batman. Se em outras versões presenciamos um personagem que se importava com o politicamente correto e fazia festinhas para ricos em sua mansão Wayne, em O Cavaleiro das Trevas conhecemos uma face fidedigna do herói. Aliás, minto. Batman não é herói, nem tão pouco vilão. O cunho de justiceiro por mim utilizado mais acima me parece perfeito. Bruce é tão perturbado psicologicamente quanto seus inimigos. É movido pela vingança, não pela justiça. Pelo visto, Nolan vem construindo, devagar, esse incrível quebra-cabeça que se veste de morcego.
Teremos pelo menos mais dois filmes de Batman sob o comando de Nolan. A julgar pelo belo trabalho desempenhado em Begins e Cavaleiro das Trevas, o pacotão de paspalhadas do passado (das séries de TV estreladas por Adam West até Joel Schumacher) será relegado ao esquecimento.

Vale a pena?
Uma ótima pedida para os amantes do cinema e imprescindível para os fãs do personagem.

Nota
9,5 – Nolan é ótimo diretor, mas não consegue concluir suas obras de forma 100% coesa. Não fosse isso, ganhava um 10.

Luciano Marques
Agradecimentos especiais à Espaço Z Marketing e Entretenimento

terça-feira, 15 de julho de 2008

Nim’s Island: imaginação à solta

Alguns filmes realmente me surpreendem. Ilha da Imaginação (Nim’s Island), que estréia no Brasil na próxima sexta-feira (18/7), é um deles. Pelo trailer, pelo cartaz e pela sinopse, tudo levava a crer que o longa era mais um daqueles bobinhos, com roteiro batido e que no final seria ejetado da minha memória. Ao contrário. O roteiro é encantador, as atuações são pontuais e o todo deixa uma boa impressão até mesmo naqueles que assistirão com um pé atrás. Eu fui um deles.

Ilha da Imaginação se parece com aqueles filmes que passam na TV durante as férias. Mas é um filme-de-férias que você não consegue parar de assistir. Os donos da “criança” são Jennifer Flackett e Mark Levin. A dupla já tinha escrito o ótimo Wimbledon - O Jogo do Amor (2004) e repete a parceria neste longa. Dessa vez, porém, além de assinarem o roteiro, também assumem a direção.


Além da história, bem original (e quando não é, os clichês são tratados com respeito e uma certa criatividade), nos encantamos com os personagens – surpreendentemente profundos para esse tipo de produção. Temos de volta Jodie Foster, que encarna a escritora Alexandra, Gerard Butler (300), que interpreta o cientista Jack Rusoe e Alex Rover, e ainda a jovem e promissora Abigail Breslin, irreconhecível sem os óculos que carregava em Pequena Miss Sunshine. Irreconhecível no lado bom. Quem se maravilhou com ela no início da carreira, pode se preparar. Ao interpretar Nim, a protagonista de Ilha da Imaginação, a atriz provou que veio para ficar.

Está certo que vamos ter sempre em nossa mente o papel da garotinha que tenta, em meio aos imbróglios da família, participar de um concurso de beleza mirim. Mas foi assim com Jodie Foster após Táxi Driver. Até encarnar a também inesquecível Clarice Starling, em Silêncio dos Inocentes, só a víamos como Íris. Quem sabe não acontece o mesmo com Abigail?

Solte a imaginação ou, se preferir, viaje de carona na mente ingênua e fantástica de Nim. Quando você menos esperar, vai se ver torcendo por isso ou aquilo no decorrer do filme. E geralmente quando isso acontece – a história te tira do eixo e mexe com sua cabeça –, ele alcançou êxito.

Vale a pena?
Diversão garantida para crianças e adultos. O grandalhão ou grandalhona que torcer o nariz, não tem imaginação fértil o suficiente.

Nota
7 – existem algumas pontas soltas no roteiro (aqueles tópicos do filme que ficam sem resposta), mas o todo compensa. Não seja exigente! Assista de forma descompromissada, afinal, produções perfeitas não surgem todos os dias.

Luciano Marques

domingo, 13 de julho de 2008

Viagem ao centro da terra: a nova onda 3D

Fiz questão de ir a São Paulo neste fim de semana para conferir o que promete ser a nova aposta do cinema: os filmes em 3D. Para dar uma nova roupagem à história Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne (1864), a PlayArte resolveu chamar um estreante para dirigir: Eric Brevig, supervisor de efeitos especiais nos longas A Ilha (2005), A Vila (2004) e Um Dia Depois de Amanhã (2004). Explica-se: para rodar uma produção em três dimensões, só mesmo alguém que entende, e muito, da parte técnica. Um outro exemplo é James Cameron, que começou rodando comerciais, partiu para os efeitos especiais e só então para o posto principal dos sets. Ele, aliás, está rodando um filme em 3D neste momento.

Por que fui a São Paulo? Infelizmente nosso país subdesenvolvido só possui seis salas preparadas para essa tecnologia. Acredite. As salas em questão estão em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Se você assistiu à propaganda e ficou empolgado com o fato de ver um filme em 3D, esqueça. Se não estiver em um desses estados, vai assistir mesmo é uma versão em 2D, produzida para os menos afortunados. Quem mandou sermos pobres?

Na reciclagem do clássico de Julio Verne, Trevor (Brendan Fraser, de A Múmia) um geólogo que estudava o centro da Terra com o irmão Max, recebe a visita do sobrinho Sean (Josh Hutcherson, de Ponte para Terabítia). Ambos, guiados por Hannah (Anita Briem), acabam caindo, meio que acidentalmente, onde? No centro do Planeta. A história é mais que conhecida.

O filme de Brevig foi idealizado e produzido para ser projetado em 3D. A história é fraquinha, tipo Sessão da Tarde (e das mais previsíveis), e em 2D perde completamente o sentido. A grande diversão é mesmo a terceira dimensão, presente em todo o longa-metragem. O próprio Brendan Fraser sentenciou ao ser entrevistado: “Eu não veria o filme em 2D”. Então, é uma pena saber que são poucos os brasileiros que curtirão Viagem ao Centro da Terra como se devia.

No início eu disse que essa tecnologia deve ser a aposta da sétima arte a partir do ano que vem, já que cada vez mais largamos o cinema para ver filmes em casa. E se você não acredita, veja só o que está vindo por aí:

Ainda este ano: Bolt (animação da Disney), Fly me to the Moon (animação belga) e O Estranho Mundo de Jack (relançamento do Stop Motion de Tim Burton em 3D).

Em 2009: Avatar (longa de James Cameron), Premonição 4 (o quarto da série que você já conhece), G-Force (outra animação da Disney, que parece ter acordado antes das outras), Era do Gelo – Dinossauros (mais uma vez sob a batuta do brasileiro Carlos Saldanha), Monstros x Aliens (Dreamworks), Dia dos Namorados Macabro (uma refilmagem do clássico de 1981), Toy Story (uma remodelagem para o formato), entre outros. Só para o ano que vem, já são esperados 15 filmes em 3D. Para 2010, outros sete, e para 2011 mais dois. Até as continuações, como Carros 2, da Pixar, vai vir em 3D.

Ou os cinemas que não estão preparados abrem o olho, ou vão perder terreno para os que investiram antecipadamente. Antes, era possível rodar os dois tipos de filme no mesmo projetor, como em A Hora do Pesadelo 6 (1991). Hoje, não mais. A tecnologia é nova (é perceptível em Viagem ao Centro da Terra) e requer projetores exclusivos, tais como o do IMax (prestes a abrir as portas em São Paulo). O que me estranha é Brasília ficar de fora, já que a Capital Federal tem o maior número de salas por habitantes do País (aqui a sétima arte é um vício). O jeito vai ser berrar em frente ao Cinemark: “Queremos filmes 3D! Queremos filmes 3D!".

Vale a pena?
Se for em 3D, corra para assistir. Se for a versão mequetrefe, feita para os janistroques (essa é pra procurar o Aurélio), nem perca tempo. Não adianta comprar um óculos avulso e testar. No máximo vai parecer um junkie dos anos 70.

Nota
7,5 – para a versão em 3D. É diversão garantida e, mesmo que o formato se torne rotineiro (lá pra 2012, 2013), vou continuar curtindo assistir a produções em três dimensões. O próprio show do U2, em 3D, é um absurdo de perfeito.
6 – em 2D... olha, nem sei como classificar, já que uso tanto o comparativo “Sessão da Tarde”. Atuações fracas, enredo já conhecido e previsível. Só salva mesmo os belos cenários, todos gerados em computação gráfica.

Luciano Marques

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Gotham Knight: a verdadeira face de Batman











Após Batman Begins e antes do lançamento de Batman – O Cavaleiro das Trevas (18 de julho), a Warner colocou na praça um DVD com animações pra lá de especiais do herói mascarado: Gotham Knight (O Cavaleiro de Gothan). A pedido de um amigo, faço aqui a crítica do mesmo.

Em primeiro lugar, pensei que Gotham Knight emendava o primeiro filme no segundo, trazendo informações importantes. Não é bem assim. A animação, dividida em seis capítulos, é única, exclusiva e destacada de tudo. Conta um pouco mais do início da carreira do morcegão, é verdade, mas não é imprescindível para assistir ao segundo longa dessa nova leva. Quer dizer... Para os fãs do herói, Gotham Knight é um prato cheio e obrigatório. Ou para quem quer conhecer a genuína forma de Batman.

Falo da verdadeira face do herói porque quem nunca leu os quadrinhos não sabe como ele é. Batman não é um riquinho mimado que faz festas nas mansões para agarrar loiras histéricas (só de lembrar do Michael Keaton tenho arrepios de terror). Batman é um homem perturbado, com quase dois metros de altura e que só larga um bandido após lhe quebrar alguns ossos. Fratura exposta mesmo. E é justamente isso o retratado em Gotham Knight. Bom saber que o personagem pode ser tratado de forma adulta. Já estava cansado de ver o cara sendo desenhado de forma infantil.

Em Gotham Knight, assistimos ao herói em ação como ele sempre foi nos quadrinhos. E sonho um dia ver um filme nos mesmos moldes. Quase uma utopia, já que a produção ganharia a proibição para menores de 18 anos, o que não interessa aos produtores (acontece o mesmo com Wolverine).

As seis histórias são escritas por pessoas que entendem do riscado: os roteiristas Josh Olson (Marcas da Violência), Alan Burnett e S. Goyer (escreveu Batman Begins), e os quadrinistas Greg Rucka, Jordan Goldberg e Brian Azzarello. Tudo supervisionado por Bruce Timm, o responsável por Batman: The Animated Series e Justice League: The New Frontier (desenhos da TV que, apesar de infiéis, são os melhores até agora).

Ao assistir Gotham Knight você percebe que os produtores norte-americanos se renderam aos traços japoneses. Mais dia, menos dia, isso aconteceria. Aliás, os desenhos foram encomendados junto aos estúdios japoneses 4°C, Production I.G, e Madhouse.

Não são apenas seis histórias, mas seis estilos de desenhos diferentes. Há uma mistura de estilos, que passam por traços gringos, japoneses e até franceses. Dá para perceber as influências. Nos episódios, nos lembramos de Aeon Flux, Akira, As Bicicletas de Belleville e por aí vai. É um passeio pelo que há de melhor e único nas animações clássicas.

Ao terminar Gotham Knight, você pode ter a impressão que faltou muita coisa, que ficaram pontas soltas. A verdade é que um DVD é pouco para abordar tudo o que não foi abordado até aqui, seja em desenhos para televisão ou cinema. Vamos torcer para que no futuro o morcegão apareça mais vezes em sua real forma: negra, apavorante, intimidante. Para maiores de 18 anos mesmo. As crianças que esperem!

Vale a pena?
Indiscutível. Vale para os que querem conhecer o personagem de verdade. Para quem é fã, nem preciso indicar. Vale também como uma prévia de O Cavaleiro das Trevas (toda vez que escrevo esse título fico irado. Não deveriam ter feito isso para o segundo filme, pois o título já pertence a uma história específica onde Batman, velho, se encontra com o Super-Homem).

Nota
9 – não ganha um dez por ser extremamente curto (pouco mais de uma hora).

Luciano Marques

domingo, 6 de julho de 2008

Hancock: pau na máquina

Ao que parece, Will Smith provou que, além de talento, tem outra característica pertinente a um astro: saber escolher seus filmes. Sua lista já é invejável e o novo Hancock não é diferente. A questão “super-heróis” está em voga nos últimos anos, mas Hancock consegue fugir do óbvio e nos apresenta uma história bastante original.

Dirigido pelo ator/diretor Peter Berg (Tudo Pela Vitória e Bem-vindo à Selva), a nova produção de Will Smith fala de um humano com poderes extraordinários. O problema é que o personagem título é alcoólatra e se mete em atos heróicos tão desastrosamente quanto uma criança que resolve empunhar uma moto-serra ligada. É justamente essa situação que torna o início do filme interessante. Felizmente, não é só isso.

Hancock é inteligente ao esbarrar nos chavões e clichês (inevitáveis em um filme de herói), acrescentando humor e ação na dose certa. As atuações, incluindo aí Charlize Theron, não são monumentais, mas garantem ao filme de Peter Berg umas boas estrelas. Quem ainda não viu seu melhor trabalho (Bem-vindo à Selva), confira. É uma divertida sessão da tarde com mais uma brilhante interpretação de Christopher Walken.

Justamente por ser original, espero realmente que não haja um Hancock 2. O filme tem uma história única, que não cabe uma continuação. Algumas tramas têm essa particularidade e merecem ser respeitadas. Afinal, já imaginou o quão horrível seria a continuação de ET, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Forrest Gump? Até mesmo o último sucesso de Will Smith, Eu Sou a Lenda. A história termina ali, antes do “the end”, e pronto.

Vale a pena?
Com certeza. O filme atrai um publico abrangente. Quem gosta de ação, comédia, suspense (o filme surpreende em alguns momentos) e, claro, super-heróis, vai sair do cinema satisfeito.

Nota
7,5 – Não é lá um Batman Begins... um X-Men, mas cumpre seu papel dentro do proposto. Hancock está longe de ser inesquecível, mas vai render uma bela bilheteria mundial.

Luciano Marques

sábado, 5 de julho de 2008

A Bíblia no Google Earth

Esse post não tem nada com cinema, mas o conteúdo bem que poderia se tornar um belo enredo, caso alguém utilizasse a idéia em um roteiro.
Criativos ingleses pegaram famosos eventos bíblicos e os "colocaram" no Google Earth – ferramenta do Google que faz fotos da Terra do alto, de satélites. O efeito é surpreendente.
Separei algumas aqui para o deleite de todos. Clique nas mesmas para ver em tamanho maior.
E se você está se perguntando como isso poderia render um filme, no fim, após as fotos, dou uma idéia.

A arca de Noé



















A Cruxificação



















O Jardim do Édem


















Moisés abre o Mar Vermelho



















A idéia para um roteiro? Um fenômeno natural acontece no espaço, próximo ao nosso planeta. Este mexe com o espaço e com o tempo (segundo Albert Einstein, o tempo não transcorre como imaginamos). Funcionários do Google descobrem acidentalmente que a ferramenta, com uma internet mais avançada, pode fazer com que o satélite tire fotos da Terra em outros tempos. Eles acabam esbarrando em imagens aéreas das pirâmides sendo construídas, dos dinossauros, da bomba atômica atingindo Hiroshima. O fim do filme? Eles descobrem que também podem ver fotos aéreas do futuro do nosso planeta, quem sabe devastado após a terceira grande guerra (final apocalíptico). Poderiam também ver uma Terra extremamente evoluída (desfecho feliz). Tá bom assim?

Luciano Marques

Donkey Xote: coitado dos europeus


O cinema europeu avançou bastante e consegue, aqui e ali, rivalizar com o hollywoodiano. No quesito animação, no entanto...

A tentativa foi feita com Donkey Xote, filme produzido por espanhóis e italianos, dirigido por Jose Pozo (El Cid) e que deve chegar ao Brasil em breve. A animação em si não deixa a desejar e é parecidíssima com as norte-americanas. Mas o enredo e a personalidade dos personagens... Hum, é de dar pena.

Os personagens da história são Don Quixote, seu escudeiro Sancho, o cavalo Rocinante e o burro Rucio. E se você acha o burro parecido com o burro de Shrek, não é uma mera coincidência. O mesmo foi encomendado junto à Dreamworks e é praticamente o mesmo que aparece nos longas do famoso ogro. No cartaz do filme de Pozo, está escrito em letras garrafais: “Dos produtores que assistiram Shrek”. Nem essa piada/desculpa dá certo.

Nem vou me deter na história, pois o filme é uma completa perda de tempo. A trama é uma das mais previsíveis que já vi, todos os personagens são esquecíveis e o todo não conseguiu sequer mover meu lábio um milímetro (nem para cima, em um pequeno sorriso, nem para baixo, em tom de desaprovação e desgosto.).

Vale a pena?
Não. E um não categórico.

Nota
2 – só há uma oportunidade de ser visto: você que é louco, doido por animações, e está sofrendo abstinência do formato. Mesmo assim, se prepare para assistir a um filme que nem fede e nem cheira.

Luciano Marques

terça-feira, 1 de julho de 2008

Wall-E: impressionante

Dê personalidade a um robô e logo ele se torna um personagem inesquecível. Foi assim com R2-D2 e C3PO, de Star Wars, só para citar dois. E é assim com Wall-E, novo longa de animação dos Estúdios Pixar. Eles acertaram de novo. Toy Story, Vida de Inseto, Monstros SA, Procurando Nemo, Carros, Ratatoulli. Ao que parece, uma fileira inesgotável de sucessos.

Wall-E é um filme singular. Perfeito do início ao fim. E só por ter um enredo único, inigualável, já merece aplausos. A trama conta a história de uma Terra abandonada que é cuidada por um “robô sucateiro”. Os humanos a abandonaram há muito tempo, quando o planeta se viu assolado pelo lixo. Tudo muda quando o único (e não me refiro apenas à unidade matemática) ganha ainda mais sentido em sua via. Dizer mais que isso apenas entregaria o rumo da bela história criada e dirigida por Andrew Stanton (que esteve envolvido de alguma maneira em todos os filmes citados acima).

Mas não é só isso. Wall-E não é apenas um baita roteiro. A animação nem precisa de comentários porque já alcançamos a excelência e vai demorar para darmos um salto de evolução nesse formato. Mas o protagonista merece um imenso destaque. A ingenuidade do robozinho Wall-E é cativante. Cativante como poucos personagens o foram na história do cinema. Como Charle Chaplin em O Garoto. A criação de Stanton vai vender milhões de brinquedos e será lembrada na memória e na estante de muito marmanjo daqui a algumas décadas. Como ET.

Embora eu adore a fantasia, fiquei feliz por saber que o “animal” de estimação de Wall-E não foi estilizado. É apenas um inseto e não mais que isso. Não precisa, não merecia ser mais que isso. É perfeito. Aliás, a busca pela perfeição, pelo real, pelo cotidiano é mais um detalhe digno de destaque. O filme é, inclusive, o primeiro da Pixar que traz consigo uma mensagem: a preocupação com o meio ambiente.

Outra peculiaridade perfeita é a quase ausência de diálogos. Lembrou-me Alfred Hitchcock. O mestre do suspense começou sua carreira no cinema mudo e costumava dizer que poucos diretores sabiam o que fazer com o recurso do diálogo. Disparava, acusando que os mesmos costumavam fazer “fotografias falando”. Ele também era um mestre no diálogo, então sabia o que estava dizendo. Em Wall-E, Stanton prova a tese de Hitchcock: se é possível explicar algo sem diálogos, porque inserir falas? O resultado é uma fantasia cheia de imagens e significados, detalhes que tornam o filme ainda mais inesquecível.

Olhos
A quem ainda não assistiu ou pretende assistir de novo: prestem atenção nos olhos de Wall-E. A Pixar tem uma preocupação especial com os olhos de seus personagens. E talvez esteja aí o segredo de tantas figuras terem se imortalizado em nossa memória. Lembre-se de Procurando Nemo. Recorde-se de Vida de Inseto. Você sempre vai achar pares de olhos que dizem muito. Correção, que dizem tudo. Sem medo de cair no velho chavão, é por meio dos olhos que os filmes da Pixar ganham alma. Janelas que nos oferecem uma viagem ao incrível e inimaginável.

Vale a pena?
O que está esperando? Se leu tudo isso e ainda duvida, vá ao cinema. Não deixe para ver em vídeo. Aliás, veja na grande tela, pois você vai assistir outras tantas vezes em DVD.

Nota
10 – não há um único defeito em Wall-E. Até mesmo os clichês te surpreendem. Lúdico, lírico, encantador e emocionante.

Luciano Marques