sábado, 23 de agosto de 2008

O Procurado

Curto e grosso: O Procurado, novo filme de Angelina Jolie, é o melhor filme de ação que vi nos últimos tempos. Sem deixar de lado as cenas impressionantes e fundamentais no gênero, o longa dirigido por Timur Bekmambetov conta com ótimas atuações e um roteiro inteligente. Olha, essa combinação é difícil de acontecer.

Ao ver o trailer, fiquei interessado em assistir, mas tinha quase certeza que seria apenas um bom conjunto de tiros, carros e explosões sensacionais. Me enganei. Jolie, Morgan Freeman e James McAvoy mostram que atores podem encenar muito bem em um filme desse tipo. Suas participações são marcantes e todos sabem aproveitar bem a profundidade da trama. Trama que, inclusive, consegue surpreender: pelos ganchos dramáticos, pela originalidade e pelos plot points (viradas).

O Procurado trata de Wes (McAvory, que me impressionou tanto quanto em O Último Rei da Escócia), um cara normal, entediado com o trabalho e que está pedindo para chutar o balde. Isso muda quando conhece Fox (Angelina, mais linda que nunca) e se envolve com uma Fraternidade de assassinos, da qual fazia parte seu pai desaparecido. O enredo é baseado em uma história em quadrinhos de Mark Millar.

Quando terminar de assistir O Procurado, provavelmente você vai se pegar pensando: “Bom... Muito bom”. Acredito que é justamente essa a sensação de alguém que sai satisfeito com o que viu.

O que mais me surpreendeu foi a direção de Timur Bekmambetov. O russo é o responsável por Guardiões da Noite e Guardiões do Dia, dois dos filmes mais malucos que já vi. Lembro-me de assisti-los (pelo menos um deles) virando os olhos e babando na camisa. Como se tivesse tomado LSD pelos ouvidos. Não consegui nem mesmo dizer se aqueles longas eram bons ou ruins – acho que nem me atreveria. Em O Procurado, o cineasta “Scavusca” provou que pode pintar em Hollywood e revolucionar um pouco o barraco. É bom... Aquilo lá anda um pouco parado e velho.

Vale a pena?
Dessa vez não vou dizer que vale para A ou para B. Para os que gostam de ação, emoção e bolinha de gude. O Procurado é um baita filme que merece ser assistido por todos. Vi até mulheres que só acompanham os namorados nesses tipos de produção saírem contentes. Falar mais o que?

Nota
8,5 – Se elogiei tanto, porque não mais que isso? Calma lá. É bom, divertido, esperto, mas não vai se tornar inesquecível. No futuro, vai ser aquele filme que muitos vão pegar na locadora e se surpreender. É o tipo de filme que vou comprar para minha coleção, mas antes de assisti-lo, tem uma longa fila de espera...

Luciano Marques

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Zohan – agente bom de riso


Quem me conhece sabe que não sou adepto a comédias. Ou ela me faz rir um bocado ou é um fracasso. Aliás, fracasso é a tônica dos últimos anos no que diz respeito a esse gênero. Zohan, que estreou na última sexta-feira, é uma exceção. O filme, estrelado por Adam Sandler, é engraçado, tem ritmo e honra a filmografia do ator.

Sandler escolhe os papéis certos. São filmes pueris, tolos, ingênuos? São, sim, mas divertem. E este, até que me provem o contrário, é o objetivo de uma comédia. Click, Golpe Baixo, Espanglês, O Paizão, O Rei da Água, Como se Fosse a Primeira Vez, todos eles navegam entre o hilário e o romântico. Relegados à Sessão da Tarde? E daí? Melhor que muito filme por aí que eu não assistiria nem que me pagassem.

Zohan – Um agente bom de corte (outra infeliz tradução brasileira do original, que seria “Não se meta com Zohan”), tem seus momentos de piadas que não funcionam, mas, no todo, é uma produção agradável de ver. Primeiro pela originalidade. Segundo porque Adam tem “timing” e consegue “gags” nunca ou pouco vistas em outros filmes.

A trama conta a história de um militar de Israel a lá James Bond, temido por todos os terroristas da região (até mesmo um título como “Licença para cortar” seria mais ideal que o dado por aqui, mesmo que carregasse a falta de originalidade). Mas ele não quer isso para o futuro, pois nasceu para fazer cortes estilosos de cabelo. O enredo é simples e não foge muito disso. Destaque ainda para o sempre excelente John Turturro.

Li críticas desse filme que acusavam as piadas de serem risíveis, às vezes até mesmo constrangedoras. Desculpem-me o comentário, mas era uma mulher. Provavelmente sentiu-se incomodada com as cenas de sexo, geralmente colocadas de maneira apelativa. Em Zohan, muitas delas são de péssimo gosto, é verdade, mas tais cenas não deixam o longa menos divertido. Que me perdoe ela, e elas, mas prefiro ver um filme que às vezes apela para o lado sexual, mas diverte no restante, do que qualquer outro sem graça por aí.

Vale a pena?
Depende. Pergunte a si mesmo: “Gostei dos outros filmes do Adam Sandler?”. Se a resposta for sim, é batata! Assista!

Nota
7 – Dificilmente dou uma nota dessas para um filme do gênero. Mas, face à enxurrada de comédias péssimas nos cinemas, tenho de aplaudir Zohan. Saí leve do cinema, dei umas boas risadas (o que é bom pra saúde) e agora tenho certeza que posso confiar no restante da filmografia do ator quando quiser ver um longa descompromissado.

Luciano Marques

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Caçada

Rechard Gere estava sumido. Lá se vai um bom tempo desde que o ator posava de galã para uma linda mulher. Acho que o último foi o fracassado Dr. T e suas mulheres. Mas, de tanto procurar, o cinqüentão acertou ao encarnar o papel de um jornalista de guerra em A Caçada (The Hunting Party). Me deu a impressão de que o filme não alcançou plenamente seu objetivo, mas a atuação de Gere é descente e mostra que ele pode assumir outros planos dentro de Hollywood, como fez George Clooney.

Há mais ou menos um mês o chamado “Carniceiro da Bósnia” – Radovan Karadzic, ganhou as manchetes do mundo. O líder sérvio foi preso após 13 anos de buscas. Antes de chegar aos jornais, porém, sua história já estava retratada no filme A Caçada, baseada em fatos reais. Um grupo de jornalistas de guerra se reúne após alguns anos e, depois de se embebedarem, resolvem caçar um dos homens mais procurados do mundo. Claro, eles acham e sentem o terror na pele.

No filme estrelado por Gere, há algumas diferenças (fazem de cara limpa). Mas o jornalista encarnado por ele é cativante, sínico e irreverente. Fracassado profissionalmente, resolve partir em uma jornada louca atrás do carniceiro. Ele o faz ao lado do antigo companheiro cinegrafista (Terrence Howard) e o filho do chefão da emissora onde trabalhava (Jesse Eisenberg).

A Caçada poderia ser um filme mais tenso (algo como O Massacre da Serra Elétrica. É sério!). Acho que um maior suspense transformaria esse filme em uma verdadeira pérola. Mas, como o diretor Richard Shephard (O matador) resolveu amenizar, ficamos mesmo com o humor negro de alguns momentos e da aventurazinha bacana dos jornalistas.

Vale a pena?
Com certeza. Como verá na nota, A Caçada não é lá grande coisa, mas desperta um certo interesse em quem está assistindo. E temos nesse título um genuíno longa, daqueles que não procuram copiar fórmulas já existentes.

Nota
6,5 – Diante de tantos defeitos, o filme poderia ser um filmaço, mas é apenas um filme. E ponto.

Luciano Marques

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Grande decepção de Dave

Era uma vez Eddie Murphy. Rimos um bocado com o ator que, por pelo menos uma década, nos impressionou com a boa série Um Tira da Pesada, que nos divertiu em comédias relativamente agradáveis como O Professor Aloprado e Um Príncipe em Nova York. Thats it. Acabou. Melhor dizendo, o ator está acabado. Pensei que após o horroroso Norbit, Murphy daria o ar da graça novamente em O Grande Dave. Ledo engano. Seu novo filme é de dar pena e não merece nem mesmo ir para a TV às 3 da tarde.

O título, em inglês, é Meet Dave (Conheça o Dave). O cartaz deveria ser pixado nos cinemas. Deveriam trocar para “Não conheça o Dave”.

Pelo trailer, fiquei empolgado (já deveria ter me acostumado a isso, mas não aprendo). Algo me dizia que a trama mostraria uma história original de comédia e ficção científica. Ah, que saudades de Cocoon e O Milagre Veio do Espaço. A idéia foi completamente desperdiçada com piadas fora do tempo e que não fazem rir nem mesmo a uma criança. Para não exagerar tanto, dei um único tímido sorriso em todo o filme. Mas do que adianta, se sai com vontade de chorar?

Meet Dave é outro grande equívoco de Eddie Murphy. A pena é que nem mesmo um bom roteirista ele está encontrando. Já começo a temer pelo quarto filme de Um Tira da Pesada, que deve pintar por aqui em breve (diferente de Duro de Matar 4.0 e Rambo).

Vale a pena?

Só mesmo a título de curiosidade. Vale como aula: você vai aprender como se desperdiça uma história. Enredo fraco, cheio de muletas e repleto de piadas (ruins).

Nota
1 – Por que não vale zero? Ainda há alguns bips na máquina da UTI que mantém Eddie Murphy vivo.

Luciano Marques

Herói: nada convencional

Herói, o novo filme de Cuba Gooding Jr, segue à risca a linha que o ator costuma escolher. Não são opções óbvias, tramas gratuitas ou previsíveis. Normalmente, os papéis que interpreta possuem mais profundidade. À primeira vista, Herói pode parecer com aqueles filmes de pancadaria, mortes e vingança, com tiros para todos os lados e heroísmos descabidos. Não é. Culpa, em parte, da tradução brasileira para Hero Wanted.

O longa dirigido por Brian Smrz (Duro de Matar 4.0 e Superman – O Retorno, como assistente) é sério, exibe momentos de drama e trata da melancolia de um homem perturbado que resolve agir face à injustiça. Mas a história não é simples assim e não merece ser lida por quem ainda vai aos cinemas. Sinceramente, eu estou começando a odiar sinopses e trailers. A cada dia que passa eles contam mais sobre a produção, estragando muitas surpresas.

Não sei quando Herói vai estrear no Brasil e se vai estrear (pode ir direto para as prateleiras das locadoras). Fato é que a nova aposta de Cuba deve ser conferida. Talvez você perceba que o ator merece um melhor status em Hollywood.

Vale a pena?
Se você não está procurando mais um filme de ação, como os muitos que pipocam nos cinemas, veja Herói. Se quer ação embasada por uma trama densa, assista Herói.

Nota
7 – Herói é um filme diferente dos demais. Aqui e ali surge um filme desses. É o tipo de longa que você não vai conseguir dizer: “É parecido com aquele...”. Não é uma obra de arte, mas merece o dinheiro da bilheteria.

Luciano Marques

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Teste de audiência: como nos EUA

A Caixa Cultural promove, nesta sexta-feira, a 16ª edição do Teste de Audiência, quando passa um filme nacional antes de ele entrar no circuito. É a chance de assistir a uma obra inédita e ainda opinar para um diretor atento e, normalmente, disposto a mudanças.

O filme da vez é o Pan-Cinema Permanente, documentário que conta a vida do poeta Waly Salomão (1944-2003). O filme, de Carlos Nader, investiga o poeta baiano que acreditava que realidade é ficção, vida é teatro e tudo é cinema. A sessão, gratuita, será dia 08 de agosto, a partir das 19h30. Ao final da exibição, o diretor participa de debate com a platéia.

Pan-Cinema Permanente traz imagens de Waly Salomão captadas durante catorze anos pelo diretor e amigo Carlos Nader. Os registros, sobretudo de viagens a lugares como Síria e Amazônia venezuelana, dão uma idéia do universo heterodoxo do poeta. Em uma das cenas, por exemplo, Waly aparece improvisando uma serenata para músicos alemães no meio de uma rua de Colônia, em 1989. Em outra, o poeta vocifera um de seus poemas rastejando pela areia de uma praia em Salvador, em 1985.

Além das falas contidas nas cenas e nas entrevistas de Waly, o documentário traz depoimentos de pessoas cujas vidas foram profundamente marcadas pelo poeta, como Caetano Veloso, Antonio Cícero, Susana de Moraes e Regina Casé. São estórias variadas, que inevitavelmente levam à mesma conclusão: o mote que orientou a vida de Waly é o de que toda convenção foi feita para ser quebrada, dentro dos quatro cantos do papel e, sobretudo, fora deles. Para ele, como para talvez nenhum outro poeta brasileiro do final do século passado, poesia era uma performance de vida.

Essa será, por enquanto, a última sessão do projeto, idealizado pelos cineastas Renato Barbieri e Marcio Curi. Nos Estados Unidos, quase todos os filmes passam por testes de audiência. Bem que a moda poderia pegar por aqui.

Ficha técnica

Pan-Cinema Permanente (documentário, 83 min, cor, Brasil, 2008)
Direção, Fotografia, Roteiro e Montagem: Carlos Nader

Serviço:
Teste de Audiência, com o filme Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader

Dia: 08 de agosto de 2008
Horário: 19h30
Local: Teatro da CAIXA Cultural – SBS Qd 4 lote 3/4, anexo do edifício Matriz da Caixa
Recepção: 3206-9448/ Administração: 3206-9450
Entrada franca, lotação máxima do teatro 400 lugares
Classificação etária: livre

Informações e entrevistas:
Flávio Botelho (filme Pan-Cinema Permanente): (11) 3813- 7320/ 8141- 9802
flavio-botelho@uol.com.br

Luciano Marques

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A Múmia está velha

O trailer é fantástico, como sempre. Os cartazes são enormes e elaborados, como sempre. O filme... ah, o filme é o aviso que já deu o que tinha de dar. A Múmia – Tumba do Imperador Dragão, que estreou na última sexta-feira, veio para demonstrar que o formato já está esgotado. A série de múmias protagonizada por Brendan Fraser (até aqui uma trilogia), deixou no ar uma quarta edição, na América do Sul, mas, se acontecer, será um equívoco. Eu sei, são filmes blockbuster, feitos exatamente para ter continuações e render muita grana. Mas não compensa.

O personagem de Brendan, Rick O’Connell, é uma mistura de Indiana Jones e Allan Quatermain – tem um leve tom histórico de um e o lado pastelão do outro, portanto, não tem identidade. Mas, feliz ou infelizmente, caiu no gosto dos jovens e deve agradar mais uma vez àqueles que vão ao cinema sem “compromisso”.

Em A Múmia – Tumba do Imperador Dragão, além de Brendan, temos Jet Li como destaque. Ele encarna Han, primeiro imperador de Quin. Rick e sua esposa Evelyn (a bela e talentosa Rachel Weisz pulou do barco e deixou o papel para Maria Bello) encontram o filho Alex (Luke Ford), despertam a múmia do ditador e se envolvem naquela correria louca que marca os outros dois longas.

Em A Múmia e O Retorno da Múmia, os efeitos especiais chamavam muita atenção e maquiavam um pouco a falta de criatividade dos roteiros. Neste terceiro filme, no entanto, nem isso segura a empolgação. Com o passar dos minutos você se desanima e sabe no que fatalmente vai dar aquele corre-corre. Dá até para ir ao banheiro sem perder nada importante da “trama”.

Vale a pena?
Se você quer gastar mais de R$ 30 para ver algo previsível, mas divertidinho, vai lá. Quer ver efeitos legaizinhos? Vai lá. Quer algo realmente bom do gênero? Então alugue a trilogia do Jones para rever ou procure os divertidos filmes do Quatermain.

Nota
6,5 – não dá para avacalhar o filme como um todo, pois a criançada vai gostar. Afinal, tem uns Pé Grande bem legal, né, tio?

Luciano Marques