sábado, 27 de setembro de 2008

Perigo em Bangkok



Nicolas Cage tem seus erros e acertos. E normalmente ele triunfa de forma estupenda ou fracassa de maneira retumbante. No triller policial Perigo em Bangkok, no entanto, ele consegue ficar no meio da balança. O filme dirigido pelos irmãos Pang (Oxide e Danny), talentos por trás do apavorante The Eye, tem bons elementos para uma boa história, mas faltou a “corda” para “amarrar” a trama. Leia-se experiência.

Cage faz um mercenário/matador de aluguel (cujo o tema já está esgotado) que precisa concretizar quatro trabalhos em Bangkok. Lá ele acaba fugindo um pouco de suas regras básicas (todo assassino tem um guia prático, parecido com os dez mandamentos) e se vê perdido entre a amizade e o amor – fatos novos. O único problema é que cada um desses elementos é tratado quase que em separado, quando, juntos, dariam em uma trama bem engendrada.

O resultado é um filmizinho (o bom de um blog é que aqui eu posso usar esses termos) bem marrom, que só serve para ser assistido em casa. Vá lá, tem um finalzinho legal, mas o longa não se sustenta em muitos momentos. Os irmãos Pang têm talento, mas precisam de muito chão ainda para explodir.

Vale a pena?
Tem pipoca e guaraná em casa? Um sofá confortável? É... tá bom, vale.

Nota
6 – Passaria raspando em uma escola pública brasileira.







Luciano Marques

Morre Paul Newman

O mundo se despediu ontem de um dos monstros sagrados da sétima arte. Newman, ator e piloto, morreu de câncer aos 83 anos

O ator norte-americano Paul Newman, de 83 anos, faleceu na noite sexta-feira após lutar contra um câncer de pulmão. Há pouco mais de um ano se aposentou por causa da doença e nos últimos dias pediu alta do hospital para morrer junto à família.

Uma das poucas estrelas imortais do cinema – portanto é melhor dizer que ele não faleceu e sim que nos deixou –, Newman atuou em 65 filmes. Ao todo, recebeu nove indicações ao Oscar, mas, infelizmente, só levou para casa a estatueta de Melhor Ator em 1986, após brilhar no filme A Cor do Dinheiro.

Mesmo daltônico, Newman também se destacou como piloto amador. Venceu as 24 Horas de Le Mans e deixou muita gente comendo poeira em Daytona.

Paul Newman nasceu em 1925 e estreou na grande tela em 1954, com O cálice sagrado. O filme, entretanto, por pouco não foi seu último, pois ele disse aos jornais que deveria pedir desculpas aos espectadores por sua atuação.

O sucesso veio à tona na década de 60, com belas produções: Desafios à corrupção, Criminosos não merecem prêmio, O indomado, Rebeldia indomável e Hombre.
Em 1969 fez, para mim, seu papel mais marcante: Butch Cassidy and Sundance Kid – Dois homens e um destino, dividindo a tela com Robert Redford. O longa levou apenas a estatueta de Melhor Roteiro Original (e mais alguns prêmios técnicos), mas viria a ser um dos filmes mais empolgantes da história do ator.

A presença de Newman é tão marcante na tela que é difícil explicar. Talvez o filme Estrada para a perdição (2002), estrelado por Tom Hanks, exemplifique bem. Aos 77 anos, o ator recebeu a indicação de Melhor Ator Coadjuvante pela Academia. Quando Paul aparece em foco, chegamos quase a prender a respiração. Na cena em que se confronta com Hanks, então, ficamos roxos.

Além dos já citados, eu aconselho também uma obra obrigatória de Newman: Golpe de Mestre.

Seu último trabalho foi Carros, animação da Pixar, quando Newman emprestou sua voz para o personagem Doc Hudson – um carro de corridas cheio de prêmios que se aposentou e sumiu. Arrisco dizer que nenhum ator na história se aposentou tão bem, pois em Cars, Paul se despediu do cinema e das corridas ao mesmo tempo, e em grande estilo.

Vale a pena
A falta da interrogação na pergunta acima é proposital. Não preciso nem explicar. Está entre os dez maiores atores da história do cinema.

Nota da carreira
10 - com louvor. Papéis que serão lembrados para sempre.

Luciano Marques

Missão Babilônia


Os roteiristas de Missão Babilônia (Babylon A. D.), Eric Besnard e Maurice G. Dantec merecem dez chibatadas cada um. E seria pouco. A nova aposta de Vin Diesel (que coleciona fracassos recentes), tinha tudo para ser um bom filme apocalíptico, embora seja uma espécie de cópia do brilhante Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón. No entanto, Besnard e Dantec foram tirar o pai da forca antes de terminar o script.

Na trama, o mercenário Toorop (Diesel) é pago para levar uma garota da Rússia para os Estados Unidos, em um mundo futurista devastado. A mesma foi alterada geneticamente e pode carregar algo extremamente letal para a humanidade.
A história empolga, certo? Pois é, o filme nos arrebata em alguns momentos, nos fisga em determinados pontos, mas deixa você puto da vida do meio para o fim. A história se torna sem sentido, dando lugar a uma correria descabida, e a resolução do enredo surge apenas nos últimos cinco minutos finais. Isso mesmo, eles jogam na sua cara uma explicação mequetrefe e sem a menor base.

O fim de Missão Babilônia (o último minuto), então, é mais inacreditável do que possa imaginar. A cena é insólita e você fica se perguntado: “Que porcaria é essa?”.

Vale a pena
Se está querendo ver a careca de Diesel mais uma vez, vá lá. O cara conseguiu bons resultados em Batalha de Riddick e Veloses e Furiosos, mas foi só. Caso não queira presenciar mais esse fracasso, veja o filme de Cuarón, que é bem mais interessante.

Nota
4 – Se você assistir à primeira hora do filme em casa e largar ele no meio, depois de cochilar no sofá, pode acabar voltando à sua vida feliz com a sensação de que perdeu um bom filme.

Luciano Marques

Trovão Tropical

Dirigido por Bem Stiller (espero que ele não insista na profissão), Trovão Tropical (Tropic Thunder) é mais uma sátira sobre os faniquitos de atores famosos que sobre filmes de guerra, o que é uma pena. Isso porque o “estrelismo” focado neste longa é mais particular aos norte-americanos que aos espectadores do resto do mundo.

O início do filme é interessante e aqui Stiller acerta: trailers mostram os “atores” que vão encarar uma superprodução sobre a guerra do Vietnã – o rapper Alpa Chino (Brandon T. Jackson), o astro de ação Tugg Speedman (Ben Stiller), o comediante Jeff Portnoy (Jack Black) e o pavio curto Kirk Lazarus (Robert Downey Jr.). O filme em questão está atrasado e com o orçamento estourado, e um dos produtores tem a brilhante idéia de soltar as estrelas no meio do mato para dar mais realidade à trama. E é lá que eles esbarram em guerrilheiros de verdade – embora acreditem que é tudo uma armação do diretor.

A premissa é excelente e poderia render num filmaço de comédia. Feliz ou infelizmente, Ben Stiller está sem graça (ó, que novidade), Jack Black se mostra um verdadeiro descendente de Jim Carrey (caretas, mas caretas e nada mais) e Downey Jr mostra que está aproveitando cada gota do seu melhor ano após uma carreira que parecia acabada antes de O Homem de Ferro.

Tropic Thunder tem uma única piada longa durante toda a trama (a do estrelismo). As demais passam tão despercebidas que chega a dar sono. É a prova de que boas idéias podem ser desperdiçadas se jogadas em mãos erradas.

Vale a pena?
Não. Você pode, com certeza absoluta, passar sua vida sem assistir a esse filme. E quando estiver à beira da morte, pode dizer ao seu filho: “Garoto... Não precisa ver Trovão Tropical... arghhhhh”.

Nota
5,5 – Nos EUA já está rendendo bons milhões, mas vai entender a cabeça dos gringos. Até alguns críticos de respeito por aqui, como o Rodrigo Salem (Revista Set), deram nota 8... 9 para o filme. Ou eu passei a não entender nada de cinema ou realmente sou muito carrancudo com o gênero Comédia.


Luciano Marques

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Bem-vindo à Prisão

Depois de um longo inverno, voltei a escrever no blog.

Existem poucos filmes de presídio que conseguem inovar e dificilmente gosto de uma comédia. Os dois juntos, então, é raridade. Até que a Fuga os Separe, com Eddie Murphy e Martin Lawrence (1999), que eu me lembre, foi o último. Pois eis que esbarro em Bem-vindo à Prisão, o longa de estréia do ator/diretor Bob Odenkirk, de 2006.

Bem-vindo à Prisão (Let's Go to Prison), traz no elenco Dax Shepard, Will Arnett e Chi McBride (que faz ótimo papel na série Pushing Daisies). O primeiro é um delinqüente que sempre foi preso por um juiz e, agora que o filho dele ( Will) foi preso, pretende descontar toda sua raiva. Chi é um dos presos mais antigos e líder dos gays negros da prisão – seu papel é impagável.

Você só vai encontrar Bem-vindo à Prisão nas locadoras, mas é uma excelente pedida – mesmo que poucas pessoas procurem hoje uma locação. O filme conseguiu me fisgar desde o início e não consegui parar de assisti-lo até o fim. Aliás, é o tipo de longa que você não consegue deixar de ver nem mesmo os créditos (sabe aqueles que têm uma cena enquanto as letrinhas passam? Pois então. Se você fica grudado ali, é batata: o filme foi bom).

Bem-vindo à Prisão foge dos clichês gratuitos e, quando não consegue escapar deles, os trata sem subestimar a inteligência do espectador. Há humor, alguma ação, comédia na medida certa e até algumas surpresas na trama. Pra que mais?

Vale a pena?
E muito. Claro, há de se assistir sem compromisso.

Nota
7 – Uma nota muito próxima de grandes filmes, mas, vou fazer o que? Gostei. Assistiria feliz até mesmo no cinema.



Luciano Marques