terça-feira, 1 de julho de 2008

Wall-E: impressionante

Dê personalidade a um robô e logo ele se torna um personagem inesquecível. Foi assim com R2-D2 e C3PO, de Star Wars, só para citar dois. E é assim com Wall-E, novo longa de animação dos Estúdios Pixar. Eles acertaram de novo. Toy Story, Vida de Inseto, Monstros SA, Procurando Nemo, Carros, Ratatoulli. Ao que parece, uma fileira inesgotável de sucessos.

Wall-E é um filme singular. Perfeito do início ao fim. E só por ter um enredo único, inigualável, já merece aplausos. A trama conta a história de uma Terra abandonada que é cuidada por um “robô sucateiro”. Os humanos a abandonaram há muito tempo, quando o planeta se viu assolado pelo lixo. Tudo muda quando o único (e não me refiro apenas à unidade matemática) ganha ainda mais sentido em sua via. Dizer mais que isso apenas entregaria o rumo da bela história criada e dirigida por Andrew Stanton (que esteve envolvido de alguma maneira em todos os filmes citados acima).

Mas não é só isso. Wall-E não é apenas um baita roteiro. A animação nem precisa de comentários porque já alcançamos a excelência e vai demorar para darmos um salto de evolução nesse formato. Mas o protagonista merece um imenso destaque. A ingenuidade do robozinho Wall-E é cativante. Cativante como poucos personagens o foram na história do cinema. Como Charle Chaplin em O Garoto. A criação de Stanton vai vender milhões de brinquedos e será lembrada na memória e na estante de muito marmanjo daqui a algumas décadas. Como ET.

Embora eu adore a fantasia, fiquei feliz por saber que o “animal” de estimação de Wall-E não foi estilizado. É apenas um inseto e não mais que isso. Não precisa, não merecia ser mais que isso. É perfeito. Aliás, a busca pela perfeição, pelo real, pelo cotidiano é mais um detalhe digno de destaque. O filme é, inclusive, o primeiro da Pixar que traz consigo uma mensagem: a preocupação com o meio ambiente.

Outra peculiaridade perfeita é a quase ausência de diálogos. Lembrou-me Alfred Hitchcock. O mestre do suspense começou sua carreira no cinema mudo e costumava dizer que poucos diretores sabiam o que fazer com o recurso do diálogo. Disparava, acusando que os mesmos costumavam fazer “fotografias falando”. Ele também era um mestre no diálogo, então sabia o que estava dizendo. Em Wall-E, Stanton prova a tese de Hitchcock: se é possível explicar algo sem diálogos, porque inserir falas? O resultado é uma fantasia cheia de imagens e significados, detalhes que tornam o filme ainda mais inesquecível.

Olhos
A quem ainda não assistiu ou pretende assistir de novo: prestem atenção nos olhos de Wall-E. A Pixar tem uma preocupação especial com os olhos de seus personagens. E talvez esteja aí o segredo de tantas figuras terem se imortalizado em nossa memória. Lembre-se de Procurando Nemo. Recorde-se de Vida de Inseto. Você sempre vai achar pares de olhos que dizem muito. Correção, que dizem tudo. Sem medo de cair no velho chavão, é por meio dos olhos que os filmes da Pixar ganham alma. Janelas que nos oferecem uma viagem ao incrível e inimaginável.

Vale a pena?
O que está esperando? Se leu tudo isso e ainda duvida, vá ao cinema. Não deixe para ver em vídeo. Aliás, veja na grande tela, pois você vai assistir outras tantas vezes em DVD.

Nota
10 – não há um único defeito em Wall-E. Até mesmo os clichês te surpreendem. Lúdico, lírico, encantador e emocionante.

Luciano Marques

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