segunda-feira, 30 de junho de 2008

Death Note: o livro da morte


Algumas vezes vou falar aqui de filmes difíceis de encontrar, mesmo que tenham sido lançados recentemente. Assisti há dois meses a uma série japonesa de suspense policial em desenho animado: Death Note. A mesma, com quase quarenta capítulos, me chamou atenção e logo entrou para meu conceito como a melhor série de anime que já vi. Primeiro: não foi feita para crianças. Segundo: extremamente cinematográfica. Terceiro: tinha um roteiro tão elaborado que deixei de dormir para ver mais episódios madrugada afora.

Pois então, Death Note se transformou em filme de live action. Como a história é extremamente longa, o dividiram em dois filmes de duas horas. E, para minha surpresa, não decepcionaram nem um pouco. Foi como ver o desenho animado ganhar vida, carne e osso. Deveria ser um exemplo para os produtores que pensam em levar qualquer cartoon para a grande tela.

A história gira em torno de um garoto que acha um Death Note, o livro da morte de um Shinigami. O Shinigami é uma entidade do folclore japonês que é responsável pela morte das pessoas. Para o mundo, é a boa e velha morte com a foice e capuz preto. Só que “A Morte” dos japoneses é, de longe, bem mais criativa.

Os personagens são marcantes, bem elaborados e cativantes – daqueles que acabam dividindo o expectador (uns torcem para o A e outros para o B). A atmosfera criada é incrível e a trama muito bem amarrada. Falar mais o que?

Acreditem, vale tanto a pena assistir à série de desenho animado que chego a arriscar: ela rivaliza com Lost e cia. Então recomendo ver em anime mesmo. Mas, se a paciência for pouca, veja só os filmes em live action. O primeiro se chama Death Note – movie. O segundo vem com o título de Death Note – the last name.

Vale a pena?
Só vi algo tão criativo em desenho animado japonês em Akira, mas esse é apenas um longa e Death Note é uma série extensa (e cheia de reviravoltas). É aquele tipo de “produto” que eu gostaria de esquecer só para assistir de novo.

Nota
10 – para a série em desenho animado. Não tem como dar nota menor. É perfeito e ficará guardado para o resto da vida em minha memória. Para os que se perguntam o que é um “dez” de um crítico, aí está: só ganha essa nota uma produção que marca para sempre, como ET, Poderoso Chefão, Matrix, etc.
8 – esse é para o filme. É muito bom, mas quando você compara com a série torna-se covardia. Mesmo assim, aconselho assistir primeiro a série de desenhos e depois os filmes.

Luciano Marques

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Escafandro e a Borboleta

Por incrível que pareça, o que me fez assistir ao filme O Escafandro e a Borboleta foi o título, no mínimo, sui generis. Ao finalizá-lo, no entanto, percebi que não é apenas seu nome que é peculiar. O longa francês dirigido por Julian Schnabel é belo. Simples assim. Não acho outro adjetivo ou uma frase inteira para defini-lo. Mas a beleza a que me refiro não é aquela ligada ao melodrama, pois O Escafandro e a Borboleta não é “cute”. Pelo contrário, a trama é, por vezes, inquietante, triste. É também encorajadora sem ser piegas, ou seja, nada em se compara aos filmes que mais parecem um livro de auto-ajuda.

Algo também fascinante neste filme, que concorreu a quatro estatuetas do Oscar, venceu duas categorias do Globo de Ouro e deve estrear em breve no Brasil, é a fotografia. O diretor experimenta lentes, visões e posicionamentos de câmera de uma maneira imensamente criativa. Tanto que lhe deixa preso à história, exatamente como Jean-Dominique Bauby, aprisionado em seu corpo após um acidente.

O protagonista vive anos em coma após uma paralisia cerebral e descobre que não pode mais movimentar seu corpo. A única coisa que lhe resta é o olho esquerdo. Angustiado tanto quanto o personagem, até o espectador pensa em eutanásia. E o espectador aprende, junto com Bauby, que uma coisa não pode ser aprisionada: a memória e a imaginação.

O Escafandro e a Borboleta surpreende, emociona e angustia. Faz, então, tudo o que um filme deve fazer, em minha modesta opinião: mexer com os sentimentos de quem assiste.

Vale a pena?
Se você não tem bloqueio quanto a filmes europeus (aprenda a não ter, pois, filtrando, é possível achar maravilhas), esse longa francês vale realmente a pena. É diferente de quase tudo o que já viu e, querendo ou não, deixa uma boa mensagem (não que isso seja necessário em um filme).

Nota
8 – não concorreu a tantos prêmios de graça. É o tipo de filme que agrada a diversos públicos em qualquer lugar do planeta. Ah se mais brasileiros tivessem a mente aberta assim.

Luciano Marques

terça-feira, 24 de junho de 2008

Fringe: a nova série de J.J. Abrams

O gênio por trás de Lost, J.J. Abrams (Alias e Cloverfield), não descansa. Enquanto a aventura da ilha fica parada (a quinta temporada só volta ano que vem) o escritor e produtor se prepara para estrear sua nova série de mistério na TV: Fringe. Estréia entre aspas, pois o episódio piloto já vazou para a internet três meses antes de seu lançamento.

Estrelada por Joshua Jackson (o Joshua de Dawson’s Creek) e Anna Torv, Fringe promete. As primeiras cenas (notem que se passam em um avião, como em Lost) são impactantes e interessantes o suficiente para te prender até o fim do episódio.

A trama acaba envolvendo um tranbiqueiro inteligente e uma policial do FBI com ameaças biológicas bizarras e fenômenos estranhos que assolam todo o globo. E como o enredo é amplamente aberto, podemos esperar qualquer coisa daqui para frente, desde conspiração do governo até outras dimensões e extraterrestres. O que não pode acontecer é a série acabar se tornando uma cópia de Arquivo X. Mas, como é Abrams que está à frente do projeto, duvido que falte originalidade.

Além da cena do avião (superstição?), podemos notar no primeiro episódio uma trilha de suspense muito parecida com a de Lost. Se foi intencional, vai acabar se tornando uma assinatura de J.J.

Vale a pena?
Só assista ao piloto que vazou se tiver sangue de barata para agüentar a espera de três meses. Eu odeio esperar, mas também odeio ficar na expectativa, sabendo que o episódio está lá para ser assistido. O fiz e não me arrependi.

Se já quiser pesquisar para ir se preparando, veja "fringe science", que engloba a parapsicologia, o poder da mente, ufologia, combustão espontânea, etc. Esse será o palco da série.

Nota
9 – Não é um Lost, que pra mim ganha nota dez ao lado de Twin Peaks, mas Fringe chama a atenção e dosa o mistério na quantidade certa. Os atores vão ter de provar a quê vieram, mas o lançamento tem tudo para ser a nova menina dos olhos de J.J. Abrams e, consequentemente, dos fanáticos por séries de TV.

Luciano Marques

Desbravadores

O filme Desbravadores (Pathfinder – 2007) traz uma temática inédita para o cinema. O diretor Marcus Nispel usa como pano de fundo a exploração da América pelos Vikings. Segundo alguns historiadores contemporâneos, os guerreiros escandinavos já tinham desembarcado por aqui meio século antes de Colombo.

Embora a trama seja inédita, o longa não traz nada de novo. A história gira em torno de um herói que acaba salvando o seu povo de uma ameaça. Vide Coração Valente, Apocalypto, e por aí vai. O filme de Mel Gibson, aliás, chega a ter semelhanças neste aqui.

A fotografia, fúnebre, chega a dar um tom assustador ao filme, mas vez ou outra atrapalha. O enredo é linear, previsível, mas até pode animar aos que gostam de batalhas com espadas e o jeito-todo-rambo-de-ser do protagonista.

Vale a pena analisar, no entanto, o trabalho do cineasta. Marcus Nispel dirigiu esplendorosamente a refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica (2003), e já está produzindo o remake de Sexta-Feira 13 (2009). Em Desbravadores ele fez um trabalho razoável, então acredito que ainda vamos ouvir muito desse alemão.

Desbravadores é um filme de ação descompromissado, que até certo ponto desperdiça o tema inédito, mas pode ser visto naqueles intervalos, momentos em que você não tem nada melhor para assistir.

Vale a pena?
De certa forma. Só a história dos Vikings já é interessante (embora seja preciso ver o filme e completar a pesquisa na internet, já que a trama não se aprofunda em nada na questão). A fotografia também é interessante de ser analisada, mas são poucas as pessoas que apostam num filme só por uma questão técnica.

Nota
6,5 – o trabalho de Nispel é interessante, pois mesmo com um roteiro previsível ele não deixa o ritmo do filme cair. A única pena é que termina o longa e você se pergunta: “Tá, mas e daí?”. É o mesmo do mesmo.

Luciano Marques

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Os 100 melhores filmes da AFI

O Instituto de Cinema Americano (AFI, em inglês), apresenta, anualmente, a lista dos melhores filmes de todos os tempos. Na última quarta-feira (18), pela primeira vez, a AFI realizou uma seleção das 100 melhores obras cinematográficas dos últimos 100 anos divididas em 10 categorias.
Recentemente coloquei uma enquete no ar. Queria saber se as pessoas conseguiam cravar seus dez filmes favoritos sem deixar algum muito bom de fora. Aqui, você vai ver que é complicado até mesmo fechar uma lista com 100.
Em negrito eu assinalo os filmes que eu concordo (mesmo assim ainda há falhas, pois nunca vem à cabeça tudo o que queremos). No fim de cada categoria, escrevi os que não poderiam ter faltado na seleção.
Tente fazer o mesmo em casa, mas não se atenha a 100. Escreva as categorias e enumere os dez melhores. Caso tenha essa paciência, me envie por e-mail (teclasapiens@gmail.com), pois podemos discutir o assunto posteriormente.



DESENHOS ANIMADOS:
1. "Branca de Neve e os Sete Anões" (1938)
2. "Pinóquio" (1940)
3. "Bambi" (1942)
4. "O rei Leão" (1994)
5. "Fantasia" (1942)
6. "Toy Story" (1995)
7. "A Bela e a Fera" (1991)
8. "Shrek" (2001)
9. "Cinderela" (1950)
10. "Procurando Nemo" (2003)

Não poderia ter ficado de fora: Akira e Monstros SA (já que colocaram animação no meio da categoria).



COMÉDIA ROMÂNTICA:
1. "Luzes da cidade" (1931), de Charles Chaplin
2. "Noivo neurótico, noiva nervosa" (1977), de Woody Allen
3. "Aconteceu naquela noite" (1934), de Frank Capra
4. "A princesa e o plebeu" (1953), de William Wyler
5. "Núpcias de escândalo" (1941), de George Cukor
6. "Harry e Sally" (1989), de Rob Reiner
7. "A costela de Adão" (1949), de George Cukor
8. "Feitiço da lua" (1987), de Norman Jewison
9. "Ensina-me a viver" (1971), de Hal Ashby
10. "Algo para recordar" (1993), de Nora Ephron

Não poderia ter ficado de fora: Alta Fidelidade



FAROESTE:
1. "Rastros de ódio" (1956), de John Ford
2. "Matar ou morrer" (1952), de Fred Zinnemann
3. "Os brutos também amam" (1953), de George Stevens
4. "Os imperdoáveis" (1992), de Clint Eastwood
5. "Rio vermelho" (1948), de Howard Hawks
6. "Meu ódio será sua herança" (1969), de Sam Peckinpah
7. "Butch Cassidy" (1969), de George Roy Hill
8. "Jogos e trapaças - Quando os homens são homens" (1971), de Robert Altman
9. "No tempo das diligências" (1939), de John Ford
10. "Dívida de sangue" (1965), de Elliot Silverstein

Não poderia ter ficado de fora: Dólar Furado



ESPORTIVOS:
1. "Touro indomável" (1980), de Martin Scorsese
2. "Rocky" (1976), de John G. Avildsen
3. "Ídolo, amante e herói" (1942), de Sam Wood
4. "Momentos decisivos" (1986), de David Anspaugh
5. "Sorte no amor" (1988), de Ron Shelton
6. "Desafio à corrupção" (1961), de Robert Rossen
7. "Clube dos pilantras" (1980), de Harold Ramis
8. "Correndo pela vitória" (1979), de Peter Yates
9. "A mocidade é assim mesmo" (1944), de Clarence Brown
10. "Jerry Maguire - A grande virada" (1996), de Cameron Crowe

Não poderia ficar de fora: Um Domingo Qualquer e Duelo de Titãs



MISTÉRIO:
1. "Um corpo que cai" (1958), de Alfred Hitchcock
2. "Chinatown" (1974), de Roman Polanski
3. "Janela indiscreta" (1954), de Alfred Hitchcock
4. "Laura" (1944), de Otto Preminger
5. "O terceiro homem" (1949), de Carol Reed
6. "O falcão maltês" (1941), de John Huston
7. "Intriga internacional" (1959), de Alfred Hitchcock
8. "Veludo azul" (1986), de David Lynch
9. "Disque M para matar" (1954), de Alfred Hitchcock
10. "Os suspeitos" (1995), de Bryan Singer

Não poderia ter ficado de fora: Cidade dos Sonhos




FANTASIA:
1. "O mágico de Oz" (1939), de Victor Fleming e King Vidor
2. "O senhor dos anéis: A sociedade do anel" (2001), de Peter Jackson
3. "A felicidade não se compra" (1947), de Frank Capra
4. "King Kong" (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack
5. "Milagre na Rua 34" (1947), de George Seaton
6. "Campo dos sonhos" (1989), de Phil Alden Robinson
7. "Harvey" (1950), de Henry Koster
8. "Feitiço do tempo" (1993), de Harold Ramis
9. "O ladrão de Bagdá" (1924), de Raoul Walsh
10. "Quero ser grande" (1988), de Penny Marshall

Não poderia ter ficado de fora: Labirinto e Goonies



FICÇÃO CIENTÍFICA:
1. "2001: Uma odisséia no espaço" (1968), de Stanley Kubrick
2. "Guerra nas estrelas" (1977), de George Lucas
3. "E.T. - O Extraterrestre" (1982), de Steven Spielberg
4. "Laranja mecânica" (1971), de Stanley Kubrick
5. "O dia em que a Terra parou" (1951), de Robert Wise
6. "Blade Runner - O caçador de andróide" (1982), de Ridley Scott
7. "Alien - O oitavo passageiro" (1979), de Ridley Scott
8. "O exterminador do futuro 2: O julgamento final" (1991), de James Cameron
9. "Vampiros de almas" (1956), de Don Siegel
10. "De volta para o futuro" (1985), de Robert Zemeckis


Não poderia ter ficado de fora: Matrix

GÂNGSTERES:
1. "O poderoso chefão" (1972), de Francis Ford Coppola
2. "Os bons companheiros" (1990), de Martin Scorsese
3. "O poderoso chefão 2" (1974), de Francis Ford Coppola
4. "Fúria sanguinária" (1949), de Raoul Walsh
5. "Bonnie e Clyde" (1967), de Arthur Penn
6. "Scarface: A vergonha de uma nação" (1932), de Howard Hawks
7. "Pulp Fiction - Tempo de violência" (1994), de Quentin Tarantino
8. "O inimigo público" (1931), de William A. Wellman
9. "Alma no lodo" (1931), de Mervyn Leroy
10. "Scarface" (1983), de Brian de Palma



TRIBUNAIS:
1. "O sol é para todos" (1962), de Robert Mulligan
2. "12 homens e uma sentença" (1957), de Sydney Lumet
3. "Kramer vs. Kramer" (1979), de Robert Benton
4. "O veredicto" (1982), de Sydney Lumet
5. "Questão de honra" (1992), de Rob Reiner
6. "Testemunha de acusação" (1957), de Billy Wilder
7. "Anatomia de um crime" (1959), de Otto Preminger
8. "A sangue frio" (1967), de Richard Brooks
9. "Um grito no escuro" (1988), de Fred Schepisi
10. "Julgamento em Nuremberg" (1961), de Stanley Kramer



ÉPICO:
1. "Lawrence da Arábia" (1962), de David Lean
2. "Ben-Hur" (1959), de William Wyler
3. "A lista de Schindler" (1993), de Steven Spielberg
4. "...E o vento levou" (1939), de Victor Fleming
5. "Spartacus" (1960), de Stanley Kubrick
6. "Titanic" (1997), de James Cameron
7. "Nada de novo no front" (1930), de Lewis Milestone
8. "O resgate do soldado Ryan" (1998), de Steven Spielberg
9. "Reds" (1981), de Warren Beatty
10. "Os dez mandamentos" (1956), de Cecil B. DeMille

Não poderia ter ficado de fora: Gladiador e Coração Valente.


Particularmente eu acho a lista fraca. Mesmo porque deixaram vários filmes memoráveis de fora, como Curtindo a Vida Adoidado e Indiana Jones (qualquer um dos três primeiros). Há ainda a gritante falta de categorias, como Comédia, Aventura, Terror, Corridas, etc. Uma lista dos 100 melhores nem deveria ter a categoria Tribunais.
E como vamos deixar de fora produções como Vida Bandida, Silêncio dos Inocentes, Perfume de Mulher, Platoon, Sexto Sentido, Show de Truman, Forrest Gump e Náufrago?
Não tem jeito. Fazer uma lista dos melhores filmes é complicado. Como disse anteriormente, se é difícil cravar os cem preferidos, imagine os dez.



Vale a Pena?
Sim, vale a pena fazer uma lista. De repente você lembra de filmes bacanas que quer rever. Eu, por exemplo, tenho filmes na minha "lista de 100" que muita gente não concordaria, pois são produções "bobas", segundo muitos. É o caso de Predador, Um lugar Chamado Nothing Hill, Os Saltimbancos Trapalhões, Goonies, Tango & Cash, Sabor da Paixão, It - Uma Obra Prima do Medo, A Volta dos Mortos Vivos, Extermínio, Prenda-me se for Capaz, O Nome da Rosa, Mulher Nota Mil, Homens de Preto, Conan, Inimigo Meu, A Hora do Espanto, A Hora do Pesadelo, Fúria de Titãs, Fuga de Alcatraz, Evil Dead, O Enigma do Outro Mundo, Um dia de Fúria e por aí vai.

Luciano Marques

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian


Esperei o segundo filme das Crônicas de Nárnia para opinar sobre a série. Era preciso um voto de confiança. Não deu. Príncipe Caspian decepciona tanto quanto o primeiro (O guarda-roupa, o leão e a feiticeira). É infantil, tem história fraca e a pouca desenvoltura dos atores é gritante.

Ah, mas tem efeitos especiais legais... Nem isso. Se no primeiro foi até bacana ver o leão, os centauros e os minotauros, neste, não há nada de novo. Para não dizer que não tem nada inovador, há um rato espadachim (???) e anões sem graça.

Tudo me leva a crer que filmes de fantasia, sérios, empolgantes, só mesmo os que montaram a trilogia Senhor dos Anéis. Vai demorar muito para aparecer outro semelhante. Talvez quando adaptarem Marchenmond – a terra das florestas sombrias (primeiro livro de uma trilogia). E olha que eu sou ferrenho defensor da fantasia no cinema.

Vale a pena
Não. Filme para crianças. Enredo explicito, fraco e sem nem um gancho forte. Desculpe-me, mas a culpa é, em parte, de C. S. Lewis, o autor do livro. Embora amigo de J.R.R. Tolkien, ele não chega aos pés do mestre.

Nota
3 – é aquele filme que você consegue assistir, mas apenas se passar na sessão da tarde e não tiver um sudoku no jornal para preencher.

Luciano Marques

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Hulk esmaga

A Marvel Comix, maior produtora de quadrinhos ao lado da DC, tomou realmente as rédeas de suas estrelas. Foram anos (e porque não dizer décadas) de adaptações bizarras para a grande tela. Dá um arrepio só de lembrar de filmes como Capitão América e Justiceiro. Até mesmo os mais recentes enojam, como Demolidor e Elektra.

O Incrível Hulk (2008), estrelado por Edward Norton, exemplifica bem o novo rumo das adaptações dos gibis para o cinema. Esqueça o antigo Hulk, filmado por Ang Lee – um longa floreado, artístico e com um monstro verde translúcido e irreal. O novo, dirigido por Louis Leterrier (Carga Explosiva e Cão de Briga), reinicia a saga de um dos mais tradicionais heróis (anti-heróis) das histórias em quadrinhos. E convence.

A Marvel decidiu, após os sucessos de Homem Aranha, comandar seus próprios filmes. E nada poderia dar mais certo. Homem de Ferro foi o primeiro, arrecadando 400 milhões de dólares em apenas três semanas. A nova (e chamada de primeira) aventura do monstrengo verde é a segunda incursão da empresa na sétima arte. E começa a montar uma audaciosa estratégia que comento mais à frente.

O novo Hulk está mais sujo, mais real. Tanto que o espectador fica imaginando como a tecnologia avançou tanto (observe a cena da caverna). E Leterrier conseguiu mostrar em seu filme toda a agressividade do protagonista. As falas, a pancadaria, as referências dos quadrinhos, tudo deixa o fã extasiado no cinema. Até mesmo quem nunca leu se empolga. Se o tom artístico de Ang Lee amoleceu o outro, neste, Hulk realmente esmaga. As cenas de ação, escassas no primeiro, são abundantes aqui. Isso sem deixar o enredo de lado, bem amarrado e digno de um bom filme.
Aos mais velhos, vale atenção durante a projeção. Há referências de uma produção do passado que lhe fará viajar no tempo. Idéia de Edward Norton, fã do personagem e co-roteirista da história (acredite, ele também praticamente co-dirigiu o longa).

As cenas no Brasil também são ótimas. Um legado, já que o filme será assistido em todo o Planeta.

Até mesmo o mistério das calças de Hulk é levado em consideração nesse filme. Algo que eu sempre me perguntei (quem nunca fez o mesmo nem vai notar).

Se você que já assistiu estiver perguntando o que Stark tem a ver com a história, saiba que a Marvel pretende levar todo o seu Universo para o cinema. Primeiro foi Homem de Ferro, agora Hulk. Depois veremos Capitão América, Thor e, quem sabe, Vespa e Homem-Formiga. Esses heróis formam Os Vingadores, um grupo criado na década de 60 para rivalizar com a Liga da Justiça (DC) e que aparecerá na grande tela daqui a alguns anos. A agência The Shiel e Stark estão começando a recrutar, então aguarde.

Em tempo: se Os Vingadores vem aí, pode apostar, a Liga da Justiça também virá. A DC não vai deixar por menos e veremos em um mesmo longa Batman, Super-Homem, Aquaman, Mulher Maravilha e Lanterna Verde. Lembra? Enquanto isso, na Sala de Justiça...

Vale a pena?
Sem dúvida. Ver o Hulk em ação naquela telona é incrível (trocadilho involuntário). É o que eu chamo de trabalho bem feito, como aconteceu em Spawn, X-Men e Homem Aranha. Filme mais que obrigatório para quem gosta de quadrinhos e uma boa indicação para aqueles que curtem ação sem compromisso.

Nota
8 – o filme peca um pouco na parte sonora, mas as cenas de ação, as referências e a bela forma com que o protagonista foi tratado é uma aula de como se fazer uma boa adaptação.


Luciano Marques

sábado, 14 de junho de 2008

Fim dos Tempos: e da criatividade

Eu já estava duvidando que chegaria o dia em que falaria mal de M. Night Shyamalan, o gênio por trás de Sexto Sentido, A Vila, Sinais e Corpo Fechado. O cara acertou tanto escrevendo e dirigindo seus próprios filmes que uma hora ele tinha de errar. Convenhamos, ele tem o direito.

Seu mais novo filme, Fim dos Tempos, estreou ontem, em uma sexta-feira 13. Segundo o próprio criador, é sua produção mais assustadora, a que fará “seus críticos saírem do cinema como garotinhas histéricas”. Sinto, Night, mas vou ter de discordar.

Fim dos Tempos é, até certo ponto, perturbador, com algumas cenas chocantes distribuídas pelo longa e um grande susto no meio (uma de suas assinaturas). Mas o filme não tem velocidade, como se faltasse alguns elos na corrente motriz da máquina. A impressão é de que se ele enxugasse o filme e fizesse um curta (tal como aqueles do Creepshow ou Além da Imaginação), ficaria perfeito.

Em entrevista antes do lançamento, Shyamalan disse ser obcecado por filmes apocalípticos. "Eu sempre fui loucos por três filmes:'Vampiros de Almas' (1956), 'A Noite dos Mortos-Vivos' (1968) e 'Os Pássaros' (1963). Estes três filmes estão constantemente na minha mente, por isso escrevi o meu".

O sonho de fazer um filme assim, como Extermínio, Eu Sou a Lenda e Invasores de Corpos, deve ser movido por muitos. Eu mesmo já escrevi um livro apocalíptico. Mas entre o querer e o poder existe uma distância monumental.

Em todos os seus longas, Shyamalan construiu a obra em torno de um personagem que muito o interessava, ou um grupo, como um menino que vê fantasmas ou a família de um padre que enfrenta uma invasão alienígena . “Com esse foi o contrário. Tudo veio na minha cabeça de uma vez, enquanto dirigia e olhava para o céu carregado”, revelou o diretor. Talvez, por isso (ter fugido de sua linha criativa), o indiano acabou fazendo seu filme menos interessante. Não, ele não perdeu a mão, como dizem os críticos. A saraivada de críticas negativas veio após o lançamento de A Dama da Água, uma fábula pouco compreendida.

Odeio decepcionar as pessoas, principalmente em se tratando de um diretor que chama tanta atenção. Mas Fim dos Tempos é um filme que pode ser visto em casa. Não vale tanto assim para gastar 18 ou 36 reais para ver na tela grande.

Shyamalan teve uma baita chance de fazer um filme mais corrido, desesperador, perturbador mesmo. Como em Sinais, onde sentimos a angústia dos personagens, inteiramente acuados. Infelizmente, seu lançamento tem longas pausas e apresenta a falta de uma trama paralela. Os atores (Mark Wahlberg, Zooey Deschanel e John Leguizamo) desempenham bem seus papéis, mas eles não sustentam os erros cometidos pelo diretor/escritor.

Em tempo: não perco a fé, pois ainda acho Shyamalan o mais talentoso criador da nova geração. Então, sento em minha poltrona e aguardo pacientemente seu próximo lançamento. Ninguém consegue fazer cinco filmes maravilhosos em seqüência para depois sumir.

Vale a pena?
Olha... Sinto-me em uma posição complicada. Ao mesmo tempo quero dizer que vale, pois é um filme de Shyamalan. Mas o capetinha no meu ombro também pede para alertar: se for, não espere outra obra prima do indiano.

Nota
6,5 – mesmo não sendo uma grande obra, ainda assim é um filme apocalíptico, como O Nevoeiro. Então não tem como dar menos que isso. E mais, as cenas chocantes renderam ao filme a classificação indicativa de +17 anos nos Estados Unidos (são poucos os que são taxados com essa “censura”).

Luciano Marques

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O que você faria?

Quem conhece um pouco de roteiro cinematográfico sabe que diálogo é a última coisa a ser feita (ou, o último detalhe que se ajeita no último tratamento). É por isso que devemos dar tanto valor ao filmes que são essencialmente feitos de diálogos, como O Balconista, de Kevin Smith, por exemplo.

Assisti a um filme sensacional que é da mesma linha: O que você faria? (El Método, 2005), de Marcelo Piñeyro. A produção, argentina, espanhola e italiana, trata de sete executivos que disputam uma vaga numa grande empresa de Madri. No mesmo dia, uma reinião do G-8 faz com que as ruas da capital espanhola sejam ocupadas por violentos manifestantes. Mesmo assim, eles participam da seleção, cujas provas são elaboradas baseadas num método estranho e pouco conhecido chamado Grönholm. Fechados numa sala, os candidatos têm de descobrir várias coisas, participar de provas e jogos.

Não sei se vai ser fácil achar esse longa para locar, comprar ou baixar, mas vale a pena ir atrás. Os atores são ótimos, os diálogos afiados e o enredo te leva facilmente até o fim com extremo interesse – uma habilidade que poucos roteiristas têm hoje em dia.
Se conhece poucos “filmes de diálogos” para comparar, lembre-se de alguns filmados por Tarantino, como Pulp Fiction e Cães de Aluguel.

Também não veja de canto de olho o filme só porque não é norte-americano ou brasileiro – são muitos os filmes europeus que surpreendem.

Vale a pena
Sem dúvida. Não é lá uma obra de arte, mas é o típico filme que deve ser visto por quem gosta do bom e velho cinema inteligente.

Nota
7 – tá bom, é um filme de diálogos bem bacanas, mas nada que mereça um 8 ou 9, pois El Método não vai ficar gravado na sua memória para sempre.

Luciano Marques

Black Ops: foi mal

Alguém tem sempre que fazer o serviço sujo. No meu caso, que tento organizar um site sobre cinema, acabo tendo de procurar uma laranja boa no meio de uma cesta repleta de outras, só que podres.

A fruta ruim da vez, e põe ruim nisso, é Black Ops (Operações Especiais), que também ganhou o nome de Deadwater. O filme, dirigido por Rebel Wan recém lançado aqui esse ano, é incrivelmente horroroso. Saia correndo quando ler esse nome na prateleira da locadora.

Por incrível que pareça a trama começa até bem, com um bom cenário (um navio antigo que teve todos os marinheiros mortos misteriosamente), uma linha de suspense e a abertura para perguntas – o que te levaria a assistir ao longa todo para descobrir o mistério. Mas aí entra a explicação do sobrenatural e o assassino é o fantasma de um general nazista que foi levado para dentro do porão para ser torturado. E o cara era a arma secreta de Hitler, pois carregava não sei o que em seu intelecto!!! Isso mesmo, contei o fim do filme, até porque o fim aparece no meio. E quando ele dá as caras, você não acredita no que está vendo.

E quando o protagonista diz “Até mesmo um fantasma tem de obedecer às leis da Física e do ambiente”, aí dá vontade de rasgar a boca em suicídio (tal como fazia o Didi Mocó). É o fim da picada.

Vale a pena?
Só se usar esse filme como aquelas cabines de suicídio usadas em Futurama, onde conhecemos o robô Bender. Ou para dar de presente no Inimigo Oculto.

Nota
0,5 – porque não foi zero? Porque o filme pode ser assistido até os primeiros 30 minutos. Se alguém fizer isso e desligar, pode até fantasiar uma boa continuação para a história.

Luciano Marques

domingo, 8 de junho de 2008

Cinema grande, muito grande


Finalmente salas do cinema Imax vão chegar ao Brasil. Já temos estréia certa para São Paulo (setembro) e Curitiba (2009).

Não sabe o que é um Imax? É uma sala de cinema com tela especial, de aproximadamente 16 metros de altura por 22 de largura. Pouco mais que um prédio de 4 andares. Isso, é uma tela gigante mesmo! Mas não é só isso. As salas também são equipadas para o que há de mais avançado no formato 3D (aqueles filmes que se “projetam” para fora da tela). Saiu em tom de propaganda, eu sei, mas não estou ganhando nada dos empreendedores. É empolgação mesmo.

O Imax já existe em 36 países e só agora aparece por aqui. Nos Estados Unidos, começou sendo usado para filmes educativos (imagine ver a Amazônia gigante, em detalhes e em 3D). Mas os estúdios hollywoodianos logo cresceram o olho (o trocadilho não foi intencional) e começaram a disponibilizar seus lançamentos nesse formato. O último foi Speed Racer.

O preço vai ser salgado, pois o investimento é caro – até mesmo os óculos 3D são especiais (nada daqueles descartáveis horríveis de papelão). Mas eu garanto que vai ter gente viajando para São Paulo só para conhecer a sala. Eu aposto em algo girando em torno de 30 reais a sessão.

A grande jogada é que o Imax também trabalha com clássicos do cinema. Imagine assistir mais uma vez aos seis filmes de Star Wars, só que em uma tela monumental e com o sabre de luz passando perto do seu nariz? (para quem não conhece, é essa a sensação de um filme 3D*).

Segundo o criador do Imax, os expectadores não enxergam os limites da tela, então a sensação é a de estar dentro do filme (mesmo que ele não seja em terceira dimensão).

Não sei quanto a vocês, mas eu vou ser um dos primeiros da fila.

* clique AQUI para ver como funciona a sala e o sistema 3D.

Luciano Marques

Príncipe da Pérsia: lá vem jogo

Como costumo ler notícias e ver trailers de filmes que só vão sair em 2009 (o que me deixa p... da vida de ansiedade), vou fazer essa sacanagem com vocês, que visitam o meu blog.

Um dos mais esperados filmes do ano que vem é Prince of Pérsia, adaptação do clássico jogo – primeiro em PC (desde o 386 de tela verde) até plataformas de videogames mais avançadas. Já vimos várias atrocidades no cinema, como Resident Evil, Doom e House of Dead, mas eu acho que dessa vez veremos algo novo: leia-se “não destruir o original”.
O projeto, que por enquanto tem o título de Prince of Persia: The Sands of Time, está na mão de Jerry Bruckheimer, que produziu nada menos que Top Gun, Pearl Harbor, Armageddon e Piratas do Caribe, então me reservo ao direito de esperar um bom longa pela frente.

Recentemente foi divulgado que Ben Kingsley (Casa de Areira) interpretará o vilão Nizam, que, para tentar se tornar o soberano da Pérsia, arma o assassinato de seu irmão, Shahrman, e coloca a culpa em Dastan (Jake Gyllenhaal, de Zodíaco). O príncipe então se une a exótica princesa Tamina (Gemma Artenton, de Quantum of Solace), para evitar que isso aconteça. Alfred Molina (Homem-Aranha 2) será o sheik Amar, mentor de Dastan.

A direção, no entanto, me mete um pouco de medo: Mike Newell. Ele dirigiu até bem um dos filmes de Harry Potter (Cálice de Fogo), mas não provou ainda do que é capaz.

E escute bem, pois vou avisar com anos de antecedência: se der certo, Prince of Persia pode virar uma interminável série, com várias continuações. Talvez um novo Indiana Jones (perdoe, meu Pai, não escute o que eu digo), pois o primeiro é a busca por um artefato com poderes (as Areias do Tempo). O que pode aparecer no dois, três...? E a saga do jogo é envolta em aventuras repletas de enigmas e armadilhas. Isso te lembra alguma coisa?

O jogo apareceu em sua primeira versão em 1989 e é um dos mais populares do planeta. Tomara que o longa, com estréia prevista para 7 de agosto de 2009, não estrague mais um clássico.

Vale a pena (a espera)?
Aguarde por um filme, no mínimo, parecido com A Múmia, com correria, boas cenas de ação e belos efeitos especiais. Se os desconhecidos roteiristas (Doug Miro e Carlo Bernard) se aprofundarem nas relações dos personagens, me surpreenderá.

Luciano Marques

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Reverb – desperdício de idéia


Logo que comecei a assistir Reverb (2006), me veio aquela sensação de que iria presenciar algo novo. E olha que isso é extremamente difícil nos dias de hoje, afinal, nada mais atual que Chacrinha: “nada se cria, tudo se copia”.

Em Reverb, dirigido por Eitan Arrusi, um músico e sua amiga – que estão trabalhando em um estúdio – descobrem uma mensagem oculta em uma música. Pensei cá com meus botões (puts, esse termo é totalmente Volta dos Mortos Vivos): “Minha nossa, finalmente colocaram em um filme uma temática que percorreu os cenários musicais das décadas de 70 e 80, a de que grandes bandas faziam pactos e traziam em seus sucessos mensagens subliminares”. Que nada.

Começa bem, exatamente como comentei acima. Mas, depois, descamba para o sobrenatural. Um remedo do que poderia ser um belo filme. Cheguei a lamentar o desperdício de um belo tema.

O suspense te leva até o fim do longa, mas lá você descobre que perdeu tempo. As atuações também são caricatas e as conclusões previsíveis.

O pior é que agora vou ficar sentado esperando alguém aproveitar essa bela idéia em um filme de terror que promete entrar para a história. Se for bem feito, claro.

Vale a pena?
Para quem gosta de música, até que vale (se assistir de graça e não tiver mais nada para fazer).

Nota
3 – Tem duas belas músicas melancólicas que devem agradar a quem gosta de Rock Indie. No mais, é um desperdício de idéia e dinheiro.

Luciano Marques

Rota Mortal: que fim é esse?

Confesso que os filmes de terror me chamam atenção. Os assisto mesmo que pareçam trashes. Nesse intuito assisti ao Rota Mortal (Rest Stop), uma produção de 2006 dirigida por John Shiban.

O filme já está nas locadoras (a capa chama bastante atenção), mas nem pense em locá-lo. É aquela velha história de um posto abandonado no meio do nada em que uma ou mais pessoas ficam presas e/ou perseguidas por um assassino louco. E mais, os perseguidos sempre tomam aquelas decisões estúpidas e pouco verossímeis que lhe deixam puto da vida (se bem que o filme Não Há Vagas, nestes mesmos moldes, vale a pena).

Rota Mortal é cheio de clichês, tem enredo fraco, incrivelmente emaranhado (o antônimo que uso para roteiro amarrado) e com péssimas atuações. A classificação é a de um suspense B. O que resta de bom (?) são as cenas fortes. Se alguém quiser conferir apelas pelo sadismo (algo que entrou na moda por conta do Albergue e Jogos Mortais), vá em frente. Mas não espere um bom filme.

Não bastasse a coleção de defeitos, o fim é ainda inacreditável. Ao que parece, Shiban quis compensar a péssima obra dando uma de David Lynch, propondo uma conclusão estapafúrdia. A diferença é que o mestre citado sabia fazer isso e escondia um fundamento sensacional nos cantos mais inteligentes possíveis. O que Shiban fez foi “travel in Helmans”. Um fim sem pé nem cabeça que enfiou a perna na jaca até o joelho.

Vale a pena?
Eu não recomendaria. Nos dias de hoje, gastar duas horas para ver um filme chulé é de matar.

Nota
2 – as cenas fortes até valem a pena, mas elas se resumem a 20% de todo o filme.


Luciano Marques

quarta-feira, 4 de junho de 2008

CONIC: A Lenda

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Feliz ou infelizmente este pequeno texto é apenas para os cinéfilos de Brasília.
Adoro analogias e, esses dias, conversando com um amigo, percebemos que há um lugar aqui na Capital Federal que é a cara de um filme recém lançado no cinema: o Conic. O filme? Eu Sou a Lenda, estrelado por Will Smith.


Imagina só um pouquinho que você chega lá. No Conic é assim, de dia é tudo bacana, você faz o que quer, anda livremente e encontra coisas legais. Anoiteceu, meu amigo, saia correndo. Corra como um louco. E se por falta de sorte permanecer por lá, ache um cachorro, uma escopeta e fique escondido dentro de uma banheira...


Luciano Marques

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Invasores: corra atrás dos antigos

Devo confessar que assisti ao filme Invasores (The Invasion – 1997) com um tom de nostalgia e expectativa. Algo me dizia que ao assisti-lo, eu viajaria ao passado, ao tempo em que existiam boas produções de suspense e terror. O remake protagonizado por Nicole Kidman não é ruim, mas não é bom. Foi aí que meu lado chato que cultua o passado falou mais alto.

Esta refilmagem, dirigida por Oliver Hirschbiegel, mantém uma linha razoável de suspense e difere das outras três versões. Isso mesmo, TRÊS versões. Esse, pelo menos, é o lado bom. Uma refilmagem que copia pura e simplesmente o original geralmente é sem graça. Mais parece plágio que uma releitura.

A história foi baseada num folhetim de Jack Finney, originalmente publicado na revista americana Collier's em 1954, com o título de Sleep No More. O primeiro cineasta a adaptar a história para a grande tela foi Don Siegel (Vampiros de Almas – 1956), o mais fiel ao original literário. A produção, em preto e branco, foi relegada ao grupo de filmes Tipo B, mas é um clássico imperdível. Houve também uma versão sanguinolenta, de Abel Ferrara (que só fez porcaria, mas neste acertou), em 1993, intitulada A Invasão Continua (Body Snatchers, no original).

Na minha opinião, a grande adaptação da história de Finney, no entanto, veio em 1978, com o lendário Invasores de Corpos (Invasion of the Body Snatchers). O filme foi dirigido por Philip Kaufman (roteirista de três dos quatro filmes de Indiana Jones, incluindo o último). O elenco é encabeçado por Donald Sutherland (para quem não lembra, é o pai de Kiefer, protagonista da série 24 Horas). Mas também podemos ver boas e curiosas atuações de Jeff Goldblum (A Mosca e Jurassic Park), e Leonard Nimoy (o Spock, de Star Trek).

Os quatro filmes são completamente diferentes, mas, provavelmente, apenas as versões antigas vão permanecer na história. Eu aconselho assistir aos três antes de aventurar neste recém lançado. O protagonizado por Nicole Kidman é bonzinho, mas o escrito por Kaufman dá de dez a zero, o dirigido por Siegel é clássico e o rodado por Abel é interessante. O problema é que ao assistir um filme da década de 50 e 70, percebemos que a produção é mais crua, com menos efeitos, trilhas menos elaboradas, menos cores, etc e bolinha de gude. Mas, se relevar todos esses detalhes, vale a pena ver todos.

Tem mais um motivo por que os antigos são melhores que o recente. O de 2007 não tem o que eu considero fundamental: o clássico alarme dos alienígenas. Foi o que ficou na memória de quem assistiu ao longa de 30 anos atrás.

Vale a pena?
Até que sim, mas se assistir pelo menos uma das versões anteriores. Dá um pouco de trabalho, mas conferir apenas o de Nicole Kidman – quase um desserviço à memória do bom cinema – fará com que você julgue mal a boa história de Finney.

Nota
5 – Só não é de todo ruim porque eu acredito que um remake sempre vale, principalmente se ele trouxer elementos novos à trama (os quatro finais são diferentes).

Luciano Marques

domingo, 1 de junho de 2008

O que é um MacGuffin?

Eu sempre fui contra alguns termos técnicos usados nas críticas de cinema. Ninguém é obrigado a saber o que é Plongé e Contra-plongé. E existe um que pe bastante antigo e agora está em voga, principalmente porque Spielberg vem usando: MacGuffin.

O MacGuffin é um termo cunhado por ninguém menos que Alfred Hitchcock, então, de certa forma, vale o merecido respeito e minha explicação.

O MacGuffin de um roteiro é o objeto de desejo de uma trama que acaba se tornando a necessidade dramática do protagonista (e antagonistas, na maioria dos casos). É aquilo que os personagens ambicionam. No entanto, é importante ressaltar que isso não necessariamente quer dizer que ele é importante na trama. Muito pelo contrário.

O que Hitchcock quis dizer com o MacGuffin, é que existem motes em um roteiro que podem até ser importantes para os personagens, mas que para o espectador não: serve apenas como ponte, como meio para se contar uma bela história. A temática proposta pelo diretor e pelo roteirista é que realmente importam, não o objeto de desejo do protagonista.

Não entendeu ainda? Nada melhor que exemplos. Os três primeiros filmes de Indiana Jones possuem MacGuffins clássicos. O de estréia tem como MacGuffin a Arca da Aliança. O terceiro, o Cálice Sagrado. Todos querem esses objetos, mas não são eles os elementos mais importantes da história. Veja o longa em que Sean Connery atua ao lado de Harrison Ford. A história contada por George Lucas não é sobre o cálice e sim sobre o relacionamento conturbado entre pai e filho, que se perdeu no caminho e que foi recuperado em uma aventura.

Outro bom exemplo de MacGuffin é a caixa da Fedex que o personagem de Tom Hanks guarda em Náufrago. Aquela caixa, especificamente, ele não abre, pois acredita que pode um dia sair da ilha para poder entregá-la pessoalmente. A história é sobre como ele conseguiu realizar seu difícil desejo. A prova de que esse curioso objeto é um MacGuffin é que o espectador não sabe nem saberá o que havia dentro da correspondência.

Prepare-se, pois o termo, sempre presente nas obras do Mestre do Suspense, tem tudo para voltar à moda. E acho que agora você já sabe identificar um MacGuffin em um filme (é até um exercício divertido). Preste atenção também no reverso. Em um longa, quando o objeto de cobiça é o principal da história, a trama é fraca. Não há um MacGuffin, um elemento cobiçado onde a trajetória até ele é que realmente vale. Filmes assim, apague da memória. Guarde seu HD para o que realmente interessa.

Luciano Marques