quarta-feira, 4 de março de 2009

Watchmen – o filme

Adaptação da HQ mais comentada de todos os tempos é imperdível para fãs e possivelmente controverso para quem não leu os quadrinhos

Cheguei a dizer aqui que Watchmen, que estréia nesta sexta-feira (06), é imperdível. Após assistir ao filme, no entanto, fui invadido por um mundo de possibilidades (para não dizer dúvidas). A adaptação de uma das Graphic Novels mais “intocáveis” da história foi transportada para a Grande Tela sem baixas, preservando o original e saciando a fome de milhões de pessoas que esperavam, há mais de 15 anos, a saga dos Vigilantes no cinema. Eu não sei, no entanto, se o mesmo vai agradar também àqueles que sequer folhearam as revistinhas.


Watchmen é uma história sensacional. Se passa num fictício EUA dos anos 80, num mundo que se dirige a passos largos para uma guerra nuclear, um lugar onde os heróis de verdade aposentaram suas máscaras, mas vivem um presente melancólico. Sinopse quase que introduzida, uma aviso: Watchmen não é um filme de ação, como Homem-Aranha, X-Men, etc. E talvez por isso o longa não seja apreciado por aqueles que não leram a obra. A história, extremamente densa, trata de um único homem que vira um deus e não se importa com a humanidade, trata de pessimistas – mas bons observadores – que perdem a esperança no mundo, trata de personalidades fortes e assuntos polêmicos.

Toda a “carga pesada” de temas contida nos quadrinhos de Watchmen foi levada para a adaptação, dirigida por Zack Snyder (300). E isso, para muitos, vai deixar o filme pesado, lento. Entre as cenas de ação, violência bruta e heroísmo, há muitos diálogos, flashbacks e pequenas costuras que vão amarrar toda a história criada pelo brilhante Alan Moore. E isso é uma excelente notícia para os fãs: em termos de adaptação, o filme ganha nota 8 (a intenção dos produtores sempre foi essa, por isso chamaram Snyder). Mas também é a nota ruim. Como filme, ganha nota 6,5 ou 7. Acredito que Snyder e produtores deveriam ter achado uma fórmula para adaptar os quadrinhos bem como fizeram, mas arrumando um jeito de tudo se encaixar bem na linguagem do cinema.

Outra particularidade ruim do filme é a atuação. Os atores que interpretaram Ozymandias (Matthew Goode) e Espectra II (Malin Akerman) são péssimas. Outros, medianos, felizmente não comprometem: Dr. Manhattan (Billy Crudup), Coruja (Patrick Wilson) e Espectra (Carla Gugino). Sorte que os medianos Jackie Earle Haley (Rorschach) e Jeffrey Dean Morgan (Comediante) seguram bem as pontas dos dois principais personagens, na minha modesta opinião.

Mas isso tudo, pra mim – um confesso fã da história –, não passa de detalhe. Watchmen é muito bom. Foi tratado com respeito em uma adaptação quase impecável, tem uma trilha sonora memorável e uma fotografia interessante. Também conta com uma boa direção de Snyder, incluindo aí cortes, closes e slowmotions na medida certa – com o objetivo de dar ao filme uma cara de quadrinhos. E por sua história peculiar, com “heróis” que nunca vimos e dificilmente iremos ver, a produção será única. Um filme diferente, como você jamais viu.

Vale a pena?
Se você leu a história em quadrinhos, tenho certeza que vai assistir mais de uma vez e ainda comprar o DVD (que está sendo preparado com uma porrada de extras). Se não leu, dê uma chance ao filme. Entenda que a história é densa e não se alimenta apenas de explosões, poderes e pancadaria. Mas também saiba que há lutas sensacionais, efeitos bacanas, tomadas incríveis e violência extrema em alguns momentos (Rorschach, por exemplo, é BRUTO! Como nos quadrinhos).

Nota
7,5 –
uma média entre a nota como filme (7) e a nota como adaptação (8). Felizmente retrataram a história sem trazê-la para os tempos atuais. A fidelidade ao trabalho de Gibbons e Moore é de surpreender, o roteiro é pra lá de interessante e as imagens são legais. É bem provável que minha nota se torne um 8 ou 8,5 depois de um tempo.

Luciano Marques

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

MUDANÇA DE ENDEREÇO !!!

Caros,

Obrigado por apoiarem o GRANDE TELA até agora.

Mando este para informar que o blog está mudando de endereço, pois agora vou escrever para o JORNAL O TEMPO, de Minas Gerais.

Fui convidado a hospedar meu blog lá, onde fará parte de um número selecionado de blogs. Terei a mesma liberdade que antes, embora, agora, o Grande Tela faça parte de um portal respeitado.

Aos que quiserem continuar acompanhando meu trabalho, agora é só acessar este endereço:

w w w . o tempo . com . br / blogs (o certo é sem os espaços... está assim com espaços porque não posso digitar endereços aqui).

Vejo vocês por lá

Abraços

Luciano Marques

domingo, 30 de novembro de 2008

007 – Quantum of Solace

Em Quantum of Solace, segunda investida de Daniel Craig como 007 e o 22º filme da franquia, o diretor Marc Forster (O Caçador de Pipas) dá continuidade ao processo de repaginação do agente britânico com autorização para matar. O personagem está cada vez mais rebelde, mais que em Cassino Royale, mas se perde em meio a uma trama vazia – a mais fraca dentre as 22 produções.

Tenho de dizer, logo de bate-pronto, que é preciso assistir a Cassino Royale para acompanhar Quantum. Neste lançamento, Bond busca vingança pela morte de Vesper Lynd, sua namorada traidora na produção anterior. Ao mesmo tempo, o agente é surpreendido por uma organização que, de tão poderosa, jamais foi detectada pela CIA ou pelo MI6.

Novamente temos muitas cenas de ação, mas, infelizmente, longos períodos monótonos. O diretor, o primeiro não-britânico a dirigir um filme do personagem de Ian Fleming, foi mal escalado e tem culpa no cartório. Também, basta ver sua filmografia para notarmos que ação não é o seu forte.

Quantum of Solace é continuação do Cassino e antecede um outro filme. Então, não temos muitas respostas. Talvez por isso ele pareça tão vazio. Teremos de esperar o próximo. E como vai demorar para sair, teremos de assistir novamente aos dois primeiros estrelados por Daniel Craig para não perder o fio da meada (tinha gente no cinema que estava voando, por não se lembrar da trama do Royale).

Foram gastos 225 milhões na produção deste filme. Uma baba que não rendeu. Se se sair bem, será pelos fãs da série, aqueles que gostam de ver os lançamentos de carros, por exemplo. Neste temos um Aston Martin, um Volvo, o Range Rover, o novo Ka e o novo Omega. Mas estes mesmos fãs vão sentir falta de itens fundamentais. Das 22 produções, essa é a única em que Bond não faz um “chananam” com a Bond Girl da vez.

Para quem ainda não entendeu o título em inglês, “Quantum of Solace” significa “grau de conforto”. Pode ser também um grau de “amizade”, uma zona de conforto entre duas pessoas para que o amor sobreviva. Se o “Quantum of Solace” de um casal deixa de existir, é porque o amor morreu. Se encaixa com a trama do vilão e com o relacionamento que Bond tinha com Vésper.

Vale a pena?
Assistiu Cassino Royale e gostou? Vai continuar assistindo à série? Então vai ter de ver Quantum of Solace, mesmo que neste escapem apenas as boas cenas de perseguição.

Nota
6,5 – Não tem como dar mais que isso. Craig faz bem o papel e a nova cara de Bond – menos mocinho galã e mais rancoroso e assassino – salva o filme do fracasso total.


Luciano Marques

Hitman e Max Payne

Aqui falo – de forma bem breve – de dois filmes de uma só vez: Hitman e Max Payne. O faço porque ambos pertencem à mesma fadada categoria, a de adaptações de games para a grande tela. São raros, quero dizer, raríssimos os casos em que isso deu certo. O único que me vem à mente agora é Tomb Raider.

Hitman consegue até ser um filminho bonzinho, assim mesmo, com diminutivos. Mas você deve assistir apenas se estiver preso em uma cela com a coleção de produções do Chuck Norris.

Já Max Payne, mesmo com sua estupenda jogada de marketing e propaganda rolando em todo canto, é de dar sono. Longos momentos sem ação, diálogos que não levam à nada e atuações bizarras.

Os jogos? São ótimos, obrigado. As adaptações, no entanto, navegam pelo mesmo mar de porcarias que chegam ao cinema todos os meses. Já estão produzindo God of War, um dos maiores games de todos os tempos. Imploro aos deuses para que não venha mais um troço.

Vale a pena?
Nunquinha. Desperdício de tempo e dinheiro.

Notas
1,5 – Hitman – Para piorar um filme já ruim, escolheram para o papel de assassino um cara com carinha de bonzinho.Não sei o nome e nem fiz questão de pesquisar.

1 – Max Payne – Tem uns efeitos maneirinhos na segunda metade do filme. Mas aí você tem de assistir à primeira, então...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cinema por controle remoto!

Já pensou poder escolher, durante a exibição de um filme, que caminho os protagonistas devem seguir, interferindo no destino deles? Pois isto vai se tornar realidade agora, a partir de quinta-feira, com a exibição de A Gruta, primeiro filme-jogo com interação ao vivo no cinema do Brasil. Munido de controle remoto, o público poderá intervir na condução da história do diretor brasiliense Filipe Gontijo. A produção será exibida no Teatro da CAIXA nos dias 27 e 28 de novembro, em duas sessões diárias, às 19h e às 21h.

A entrada é franca. Para que todos da platéia possam votar, será permitida a entrada somente de 200 pessoas, sendo necessário retirar o convite na bilheteria.

Várias inovações já foram testadas na sétima arte e muitas vezes acabaram em fracasso. Lembro-me de um nos EUA que tinha cheiro. Acreditem! O pior é que, nesses casos, o "avanço" acontece em detrimento do filme, da qualidade dele. Focam a novidade e esquecem da história, da fotografia, etc. A produção de Filipe Gontijo tenta fundir a 7ª arte com a 10ª arte. Vamos ver no que dá.

Não li a sinopse. Por uma boa causa, claro. Quero ver o filme como se fosse qualquer outro. Também vou tentar me divertir com a história do controle remoto. No fim, espero que ele me surpreenda e não entre na categoria acima citada.

Para quem gosta de cinema e novidade, aconselho uma passada no Teatro da Caixa. Estarei lá na quinta.

A Gruta

Dias: 27 e 28 de novembro de 2008
Horário: 19h e 21h
Local: Teatro da CAIXA Cultural – SBS Qd 4 lote 3/4, anexo do edifício Matriz da Caixa
Lotação máxima do teatro: 200 lugares
Classificação etária: 16 anos

Luciano Marques

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

As Duas Faces da Lei

Eu sentei por muito tempo à espera de um filme que reunisse Al Pacino e Robert De Niro. Aliás, o mundo inteiro torcia por um longa com os dois monstros sagrados. O resultado, As Duas Faces da Lei, não decepciona, mas não deixa de ser um bom policial.

O filme dirigido por Jon Avnet (Tomates Verdes Fritos) trata de dois detetives de Nova York que investigam um caso de assassinato que pode desestruturar todo o departamento. Ao mesmo tempo, têm pesadelos com outro, de anos atrás, que eles pensavam já ter resolvido.

O clima de mistério é levado com habilidade através do enredo e a dupla de estrelas consegue se sair bem. Mas o que faz As Duas Faces da Lei ser obrigatório é a conclusão. Em um tempo onde os roteiros são previsíveis, Russell Gewirtz (O Plano Perfeito) tem o mérito de nos surpreender.

Nota
7,2 - Além de Al Pacino e De Niro, ainda temos o prazer de assistir outros grandes atores, como John Leguizamo. Normalmente quando astros se unem em um filme, sai algo muito ruim. Não é o caso.

Vale a pena?
Não tem como perder esse encontro histórico. Não é um filme para ficar na história, mas acaba se tornando obrigatório para os amantes do cinema.

Luciano Marques

Corrida Mortal

Quem vai ao cinema há pelo menos duas décadas sabe que existem aqueles “atores-mais-do-mesmo”. Profissionais que dão certo em um filme de ação, se agarram ao nicho e acabam ficando marcados com isso. Tivemos o tempo dos filmes de Chuck Norris, de Van Damme, Dolph Lundgren, Stallone, Vin Diesel. O da vez é Jason Statham, que lançou recentemente Corrida Mortal.

O ator inglês é quase um desses “mais-do-mesmo”. Ele surgiu no brilhante Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (1998), mas depois encabeçou a série de correria e tiros Carga Explosiva (o terceiro filme foi lançado esse ano). E correu e explodiu mais um pouco em Adrenalina (2006). Está certo que, no meio do caminho, teve o bom remake Uma Saída de Mestre (2003), mas o britânico parece mesmo fadado aos filmes de ação batidos.

Corrida Mortal é ousado, tenho de concordar, pois reúne a velha história de uma penitenciária onde quem manda é um diretor carrasco à trama de pegas de carro, tão evidenciado depois de Velozes e Furiosos (2001). Há certa animação com os rachas, incrementados por armas à la Speed Race, mas o desenrolar do filme dirigido por Paul W. S. Anderson (Alien Vs Predador) não leva à nada. Aliás, leva sim. No conduz a um fim bem típico de filmes feitos para a TV.

Vin Diesel procurou escapar da arapuca em que se meteu, encarando filmes com roteiros diferenciados. Basta saber se Jason Statham fará o mesmo daqui para frente.

Nota
6,9 - Usar dois grandes clichês em uma única história gera um problema: não há tempo hábil para desfrutarmos de nenhum deles. Quando o lance da penitenciária empolga, vem o racha. Quando o pega está esquentando, voltamos à diretora carrasca.

Vale a pena?
Para quem procura uma ação descerebrada, vale a diversão. Boas cenas de corrida e algum sangue explícito. Não ligue para a conclusão. Todo filme do estilo tem de terminar de alguma forma.

Luciano Marques