domingo, 1 de junho de 2008

O que é um MacGuffin?

Eu sempre fui contra alguns termos técnicos usados nas críticas de cinema. Ninguém é obrigado a saber o que é Plongé e Contra-plongé. E existe um que pe bastante antigo e agora está em voga, principalmente porque Spielberg vem usando: MacGuffin.

O MacGuffin é um termo cunhado por ninguém menos que Alfred Hitchcock, então, de certa forma, vale o merecido respeito e minha explicação.

O MacGuffin de um roteiro é o objeto de desejo de uma trama que acaba se tornando a necessidade dramática do protagonista (e antagonistas, na maioria dos casos). É aquilo que os personagens ambicionam. No entanto, é importante ressaltar que isso não necessariamente quer dizer que ele é importante na trama. Muito pelo contrário.

O que Hitchcock quis dizer com o MacGuffin, é que existem motes em um roteiro que podem até ser importantes para os personagens, mas que para o espectador não: serve apenas como ponte, como meio para se contar uma bela história. A temática proposta pelo diretor e pelo roteirista é que realmente importam, não o objeto de desejo do protagonista.

Não entendeu ainda? Nada melhor que exemplos. Os três primeiros filmes de Indiana Jones possuem MacGuffins clássicos. O de estréia tem como MacGuffin a Arca da Aliança. O terceiro, o Cálice Sagrado. Todos querem esses objetos, mas não são eles os elementos mais importantes da história. Veja o longa em que Sean Connery atua ao lado de Harrison Ford. A história contada por George Lucas não é sobre o cálice e sim sobre o relacionamento conturbado entre pai e filho, que se perdeu no caminho e que foi recuperado em uma aventura.

Outro bom exemplo de MacGuffin é a caixa da Fedex que o personagem de Tom Hanks guarda em Náufrago. Aquela caixa, especificamente, ele não abre, pois acredita que pode um dia sair da ilha para poder entregá-la pessoalmente. A história é sobre como ele conseguiu realizar seu difícil desejo. A prova de que esse curioso objeto é um MacGuffin é que o espectador não sabe nem saberá o que havia dentro da correspondência.

Prepare-se, pois o termo, sempre presente nas obras do Mestre do Suspense, tem tudo para voltar à moda. E acho que agora você já sabe identificar um MacGuffin em um filme (é até um exercício divertido). Preste atenção também no reverso. Em um longa, quando o objeto de cobiça é o principal da história, a trama é fraca. Não há um MacGuffin, um elemento cobiçado onde a trajetória até ele é que realmente vale. Filmes assim, apague da memória. Guarde seu HD para o que realmente interessa.

Luciano Marques

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