segunda-feira, 2 de junho de 2008

Invasores: corra atrás dos antigos

Devo confessar que assisti ao filme Invasores (The Invasion – 1997) com um tom de nostalgia e expectativa. Algo me dizia que ao assisti-lo, eu viajaria ao passado, ao tempo em que existiam boas produções de suspense e terror. O remake protagonizado por Nicole Kidman não é ruim, mas não é bom. Foi aí que meu lado chato que cultua o passado falou mais alto.

Esta refilmagem, dirigida por Oliver Hirschbiegel, mantém uma linha razoável de suspense e difere das outras três versões. Isso mesmo, TRÊS versões. Esse, pelo menos, é o lado bom. Uma refilmagem que copia pura e simplesmente o original geralmente é sem graça. Mais parece plágio que uma releitura.

A história foi baseada num folhetim de Jack Finney, originalmente publicado na revista americana Collier's em 1954, com o título de Sleep No More. O primeiro cineasta a adaptar a história para a grande tela foi Don Siegel (Vampiros de Almas – 1956), o mais fiel ao original literário. A produção, em preto e branco, foi relegada ao grupo de filmes Tipo B, mas é um clássico imperdível. Houve também uma versão sanguinolenta, de Abel Ferrara (que só fez porcaria, mas neste acertou), em 1993, intitulada A Invasão Continua (Body Snatchers, no original).

Na minha opinião, a grande adaptação da história de Finney, no entanto, veio em 1978, com o lendário Invasores de Corpos (Invasion of the Body Snatchers). O filme foi dirigido por Philip Kaufman (roteirista de três dos quatro filmes de Indiana Jones, incluindo o último). O elenco é encabeçado por Donald Sutherland (para quem não lembra, é o pai de Kiefer, protagonista da série 24 Horas). Mas também podemos ver boas e curiosas atuações de Jeff Goldblum (A Mosca e Jurassic Park), e Leonard Nimoy (o Spock, de Star Trek).

Os quatro filmes são completamente diferentes, mas, provavelmente, apenas as versões antigas vão permanecer na história. Eu aconselho assistir aos três antes de aventurar neste recém lançado. O protagonizado por Nicole Kidman é bonzinho, mas o escrito por Kaufman dá de dez a zero, o dirigido por Siegel é clássico e o rodado por Abel é interessante. O problema é que ao assistir um filme da década de 50 e 70, percebemos que a produção é mais crua, com menos efeitos, trilhas menos elaboradas, menos cores, etc e bolinha de gude. Mas, se relevar todos esses detalhes, vale a pena ver todos.

Tem mais um motivo por que os antigos são melhores que o recente. O de 2007 não tem o que eu considero fundamental: o clássico alarme dos alienígenas. Foi o que ficou na memória de quem assistiu ao longa de 30 anos atrás.

Vale a pena?
Até que sim, mas se assistir pelo menos uma das versões anteriores. Dá um pouco de trabalho, mas conferir apenas o de Nicole Kidman – quase um desserviço à memória do bom cinema – fará com que você julgue mal a boa história de Finney.

Nota
5 – Só não é de todo ruim porque eu acredito que um remake sempre vale, principalmente se ele trouxer elementos novos à trama (os quatro finais são diferentes).

Luciano Marques

2 comentários:

Claudio Fernandes disse...

Desta vez eu vou discordar. O filme é HORROROSO. Com maiúsculas, mesmo. Se nos dois primeiros havia um suspense crescente (não lembro de ter visto a versão de Abel Ferrara), neste com a Nicole Kidman não há tensão, ambigüidade, suspense, nada. Para mim, é uma ofensa à obra de Jack Finney. É constrangedor ver a ex-senhora Tom Cruise e o 007 Daniel Craig nesta reunião dos piores clichês do gênero. Joguei dinheiro fora ao alugar esta coisa. Abraços. Fui!!

Freddy Charlson disse...

Concordo em parte. Mas daria nota 3ao filme, apenas pela presença da loira gelada, Mrs. Kidman. A versão de Philip Kaufman, essa, sim, é clássica. Nauseante, aterrorizante, amedrontadora. A versão mais recente é apenas um arremedo, uma colagem de vários filmes ruins do gênero. Sem clímax, apesar de alguns sustos.

Freddy Charlson