segunda-feira, 26 de maio de 2008

Indiana Jones 4: só para fãs

A expectativa pela quarta aventura de um dos ícones dos anos 80 no cinema foi enorme. E o filme não decepciona. Não enche os olhos também. O que se vê em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é uma homenagem aos personagens de toda a saga e um presente aos fãs da trilogia.

Aos que não acompanharam o desenvolvimento do arqueólogo – leia-se os mais jovens –, O Reino da Caveira de Cristal não passa de um bom filme de ação. Aos que estavam saudosos da criação de George Lucas e Steven Spielberg, a quarta aventura de Indy vale a pena. Primeiro porque Harrison Ford provou que podia encarnar mais uma vez o personagem, mesmo aos 65 anos. Segundo porque as referências aos outros três longas são ótimas. Há também referências a filmes importantes da história cinematográfica, como Contatos Imediatos do 3º Grau, Tarzan e Alien.

A linha de Caçadores da Arca Perdida, Tempo da Perdição e A Última Cruzada é mantida. Se nos anteriores os personagens esbarraram com bichos peçonhentos (cobras, insetos e ratos, respectivamente), em O Reino da Caveira de Cristal não é diferente. Não comento qual é o da vez porque odeio críticos que entregam boas cenas das produções.

Falta, no entanto, ritmo e armadilhas à nova trama. O filme demora a embalar, mas quando alcança a velocidade indianesca não decepciona. Há boas cenas de ação e humor na medida certa. As arapucas, ciladas e emboscadas, tão íntimas de Jones, infelizmente são escassas neste filme. O mistério desvendado também não é lá grande coisa. Velho, Indiana parece impaciente na história e se “apressa” nas descobertas, como se não tivesse mais saco para degustar o tesouro achado.
Talvez o problema do filme seja o tempo. Hoje, temos um background cinematográfico amplo. Já cansamos de assistir filmes sensacionais, então é difícil algo nos surpreender hoje em dia no cinema. Se O Reino da Caveira de Cristal tivesse sido lançado no início da década de 90, talvez fosse um dos melhores da série. Atualmente, no entanto, todos que o assistem lembram rapidamente de filmes melhores, pois as comparações são inevitáveis.

E mesmo com tanta coisa boa e ruim reunida em uma crítica, ainda assim acredito que o produto deve ser assistido. No cinema, não é difícil você se flagrar apontando para as sutilezas do roteiro ou cantarolando o inesquecível tema. Então, vale sim ver mais uma vez Indy. Dê os descontos necessários e tudo sai bem.

Vale a pena?
Sem dúvida. Mas não entre no cinema achando que este vai ser o melhor da série. Se é fã da trilogia, é obrigatório. Se nunca assistiu aos outros, pegue na locadora, assista, e só então vá ver a quarta aventura.

Nota
7,5 – difícil um filme de Spielberg e Lucas receber menos que 7. Para ganhar mais que 8, porém, tinha de surpreender em algo (roteiro, atuação, fotografia, etc).


Luciano Marques

5 comentários:

Claudio Fernandes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Claudio Fernandes disse...

Ótima crítica "para fãs". Quem curtiu as três aventuras anteriores vai se deliciar com esta só pelo fato de ver que Harrison Ford ainda é Indiana Jones. É daqueles personagens que apenas um ator pode interpretar. Isso já basta para dizer que o quarto filme da série vale, sim, o ingresso.

Vagner Vargas disse...

Assisti ontem o filme, e realmente faltam as tradicionais armadilhas dos filmes anteriores, podia ter sido um aspecto mais trabalhado do filme. Mesmo assim gostei muito, e como quase todo mundo que estava na sessão, saí assobiando o tema da série.

silvia disse...

Gostei do comentario..obrigada.Vou ver duas vezes..uma como fa ..a outra como observadora..volto aqui para comentar os detalhes..

Júlio Nóbrega disse...

Bem, primeiramente, sensacional a crítica! Concordo com o que diz, mas volto a bater na tecla (haha!): faltou a conexão de interpretação. Faltou a conexão perfeita do Indiana Jones com os clássicos Henry Jones, Marcus Brody e Sallah. Não quero dizer que esses personagens fizeram falta. Houve sim a falta de ligação entre os estilos interpretativos de H. Ford com os atores novos da trama. Indy é sério e engraçado ao mesmo tempo. Os personagens que citei fechavam esse ciclo com primazia. Exemplo da falta disso é o "Mac" do quarto filme. Parece um personagem jogado, sem identidade e conexão na trama. Feita essa resalva, como fã de Indy, concordo que vale a pena degustar a quarta produção.