Fiz questão de ir a São Paulo neste fim de semana para conferir o que promete ser a nova aposta do cinema: os filmes em 3D. Para dar uma nova roupagem à história
Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne (1864), a PlayArte resolveu chamar um estreante para dirigir: Eric Brevig, supervisor de efeitos especiais nos longas
A Ilha (2005),
A Vila (2004) e
Um Dia Depois de Amanhã (2004). Explica-se: para rodar uma produção em três dimensões, só mesmo alguém que entende, e muito, da parte técnica. Um outro exemplo é James Cameron, que começou rodando comerciais, partiu para os efeitos especiais e só então para o posto principal dos sets. Ele, aliás, está rodando um filme em 3D neste momento.
Por que fui a São Paulo? Infelizmente nosso país subdesenvolvido só possui seis salas preparadas para essa tecnologia. Acredite. As salas em questão estão em São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis. Se você assistiu à propaganda e ficou empolgado com o fato de ver um filme em 3D, esqueça. Se não estiver em um desses estados, vai assistir mesmo é uma versão em 2D, produzida para os menos afortunados. Quem mandou sermos pobres?
Na reciclagem do clássico de Julio Verne, Trevor (Brendan Fraser, de
A Múmia) um geólogo que estudava o centro da Terra com o irmão Max, recebe a visita do sobrinho Sean (Josh Hutcherson, de
Ponte para Terabítia). Ambos, guiados por Hannah (Anita Briem), acabam caindo, meio que acidentalmente, onde? No centro do Planeta. A história é mais que conhecida.
O filme de Brevig foi idealizado e produzido para ser projetado em 3D. A história é fraquinha, tipo Sessão da Tarde (e das mais previsíveis), e em 2D perde completamente o sentido. A grande diversão é mesmo a terceira dimensão, presente em todo o longa-metragem. O próprio Brendan Fraser sentenciou ao ser entrevistado: “Eu não veria o filme em 2D”. Então, é uma pena saber que são poucos os brasileiros que curtirão Viagem ao Centro da Terra como se devia.
No início eu disse que essa tecnologia deve ser a aposta da sétima arte a partir do ano que vem, já que cada vez mais largamos o cinema para ver filmes em casa. E se você não acredita, veja só o que está vindo por aí:
Ainda este ano: Bolt (animação da Disney),
Fly me to the Moon (animação belga) e
O Estranho Mundo de Jack (relançamento do Stop Motion de Tim Burton em 3D).
Em 2009: Avatar (longa de James Cameron),
Premonição 4 (o quarto da série que você já conhece),
G-Force (outra animação da Disney, que parece ter acordado antes das outras),
Era do Gelo – Dinossauros (mais uma vez sob a batuta do brasileiro Carlos Saldanha),
Monstros x Aliens (Dreamworks),
Dia dos Namorados Macabro (uma refilmagem do clássico de 1981),
Toy Story (uma remodelagem para o formato), entre outros. Só para o ano que vem, já são esperados 15 filmes em 3D. Para 2010, outros sete, e para 2011 mais dois. Até as continuações, como
Carros 2, da Pixar, vai vir em 3D.
Ou os cinemas que não estão preparados abrem o olho, ou vão perder terreno para os que investiram antecipadamente. Antes, era possível rodar os dois tipos de filme no mesmo projetor, como em
A Hora do Pesadelo 6 (1991). Hoje, não mais. A tecnologia é nova (é perceptível em Viagem ao Centro da Terra) e requer projetores exclusivos, tais como o do IMax (prestes a abrir as portas em São Paulo). O que me estranha é Brasília ficar de fora, já que a Capital Federal tem o maior número de salas por habitantes do País (aqui a sétima arte é um vício). O jeito vai ser berrar em frente ao Cinemark: “Queremos filmes 3D! Queremos filmes 3D!".
Vale a pena?Se for em 3D, corra para assistir. Se for a versão mequetrefe, feita para os janistroques (essa é pra procurar o Aurélio), nem perca tempo. Não adianta comprar um óculos avulso e testar. No máximo vai parecer um junkie dos anos 70.
Nota7,5 – para a versão em 3D. É diversão garantida e, mesmo que o formato se torne rotineiro (lá pra 2012, 2013), vou continuar curtindo assistir a produções em três dimensões. O próprio show do U2, em 3D, é um absurdo de perfeito.
6 – em 2D... olha, nem sei como classificar, já que uso tanto o comparativo “Sessão da Tarde”. Atuações fracas, enredo já conhecido e previsível. Só salva mesmo os belos cenários, todos gerados em computação gráfica.
Luciano Marques