![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihOCdwAcRm1nQJ4nBpiuoChQjm1GuIvolOj4TCWnQH4-Kko9NX86bUCTlgs-XYFlXHBY7aCWudTgB4ORYtNQeYg2ujAvK-HmdVyr46vIjl1QEYNcpvqz87Vu0cTbjUOYgcRF8jF_3rp4pu/s320/ensaio+sobre+a+cegueira.jpg)
O diretor Fernando Meirelles pertence ao mundo, não mais somente ao Brasil. Fico feliz em saber que no futuro, daqui a décadas, o planeta lembrará dele. Desde 2001, com Domésticas, o cara começou a surpreender. Depois vieram as obras primas Cidade de Deus (2002) e o Jardineiro Fiel (2005). Lá na frente, também vou poder me orgulhar, pois fiz curso de roteiro com um dos maiores cineastas que o país já teve. E aprendi muito com ele (e o Bráulio Mantovani, que também ministrou).
Dito isso, não podia esperar que o filme, atualmente nos cinemas, fosse ruim. Pelo contrário. Meirelles conseguiu de novo. Ensaio sobre a cegueira é um belo longa, emociona em vários sentidos – consegue nos passar o desespero de um mundo de cegos e o quanto pode pesar um fardo quando este está sobre as costas de um – e nos leva a uma reflexão do quanto a natureza humana pode se alterar em situações extremas.
Confesso que quando li o livro (só encare quem estiver mesmo disposto a enfrentar o estilo extremamente peculiar de Saramago), temi por Meirelles. Não imaginei como aquilo poderia ser colocado na tela. Ao conseguir isso, ele ganhou ainda mais crédito. O próprio escritor, vencedor do prêmio Nobel de Literatura, adorou e disse: “Agora conheço a cara dos meus personagens”. O filme é completo. Mesmo sem a narração (que ele decidiu retirar antes do lançamento mundial). Fernando consegue até mesmo captar, filmar a cegueira – algo que me preocupava.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOUvw8eo0aW_qb8zlXa14owsU2POtYmT0zpRI26LDDAsPUIi1WnTWG5JT3RBDMzPKvTvj72jB_y-UC738zSiFr0IUTJMg0DhXcnRfr1e2ooQ5ntzxbVN_EbIwCFMPU1cUu6Xze3Vd6hCsw/s320/ensaio+sobre+a+cegueira+3.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7tX1z98aeER-56Rv6CcamBv6MRiMSo07WaBNZOMS6z8CFL39TQnoDgUIOQXXllLV_uA5UynVZuzifG3SAoYDncfG09wNJ1Az4Dkrn37yoB9iI8j5q7b-D2LoFann75ov4lW76DkZ8iCGi/s320/ensaio+sobre+a+cegueira+2.jpg)
Alguns críticos consideraram o filme um pouco violento em determinados momentos. Discordo completamente. Se há algum defeito no longa de Meirelles, é o de ter abrandado a violência retratada por Saramago, visceral, necessária. O escritor português não poupou nadinha, o que acho ótimo. Infelizmente, no cinema, é sempre preciso tapar o sol com a peneira.
Vale a pena?
Claro! Vi algumas pessoas enfadadas no cinema. Que se lasquem. Estas não sabem apreciar um filme que deixa o espectador inquieto, pensativo, e de um jeito, ainda assim, poético.
Nota
8,7
Ensaio sobre a cegueira é um bom filme. No entanto, a história cai melhor em livro. Isso dá ainda mais crédito a Meirelles, eu sei. Se você estiver em um cinema sem idiotas fazendo barulho (o que é raro, pois as antas infestam as salas), aí, quem sabe, você pode absorver toda a atmosfera dessa inquietante trama, sentir-se dentro da tela, como se fosse um cego.
Luciano Marques